Crítica: Megatubarão

Crítica: Megatubarão

Mirando a megadiversão

Imagem do filme 'Megatubarão'

Caso você tenha se perguntado o que ainda faltava Hollywood fazer, eis a resposta: um tubarão de quase trinta metros! Por si só, tal ideia já valeria a elaboração de um enredo, seja este como for, porque o que realmente importa aqui são os quase trinta metros mirando puro entretenimento.

O filme de coprodução China/Estados Unidos conta a história de uma tripulação que fica presa no nível mais profundo do mar, onde é atacada por uma criatura pré-histórica que acreditavam estar extinta, o Megalodon. Para resgatar os colegas, os chefes da expedição recorrem a Jonas Taylor (Jason Statham), um mergulhador especializado em resgates em níveis profundos.

Dirigido por Jon Turteltaub (A Lenda do Tesouro Perdido, O Aprendiz de Feiticeiro), Megatubarão não deve ser levado a sério – nem é possível. Este tipo de filme, hoje, faz parte de dois filões diferentes: o primeiro, e mais óbvio, é o dos filmes de tubarões, iniciado em 1975 com o clássico e espetacular filme de Steven Spielberg e que chega até a franquia Sharknado, sobre um casal que vive encontrando tornados cheios de tubarões seja aonde forem. O segundo é o dos blockbusters chineses, com produções esculpidas para agradar – e fazer dinheiro – com a plateia oriental, geralmente sobre monstros ou robôs gigantes, como Círculo de Fogo, Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos e A Grande Muralha.

Projetos como este são formatados para terem aqueles elementos que, como se sabe, apresentam maior garantia de satisfação para o público geral. Do enredo repleto de situações e diálogos previsíveis aos tipos estereotipados de personagens: temos a cientista moralista (Li Bingbing), o bilionário babaca (Rainn Wilson), a diferentona especialista em tecnologia (Ruby Rose), o parceiro que é “pau pra toda obra”(Cliff Curtis) e o negro medroso que não sabe nadar (Page Kennedy). Neste último é onde melhor temos a noção da ideia do estereótipo elevado a segunda potência.

Em filmes como este, cabe ao diretor simplesmente inserir a quantidade necessária de energia e arrepios suficientes para deixar o espectador vibrando na poltrona, seja pelo humor ou pelo terror – além de conduzir a narrativa com certo balanço para que haja espaço para estas se manifestarem. Nessas funções, Jon Turteltaub se sai razoavelmente bem. Melhor no humor canastrão que no terror, que infelizmente se esvai mais cedo.

Surpreende ver o septuagenário cinematógrafo Tom Stern, conhecido como o braço direito atrás das câmeras de Clint Eastwood desde Dívida de Sangue (2002), em Megatubarão, onde faz um trabalho no modo piloto automático.

Considerando que estamos enfrentando um tubarão gigante, só um brutamontes de 1,78 cm de altura para dar cabo deste monstro, certo? Aí entra Jason Statham – pois Dwayne Johnson devia estar muito ocupado – com seu carisma e canalhice de um jovem Bruce Willis. Daqueles que logo após quase ser dilacerado por um Megalodon é capaz de dar aquele sorrisão do tipo “ah, isso não foi nada”, e levantar de novo, para alguns minutos depois ser o machão-herói novamente. Só Jason Statham consegue sobreviver a um tubarão de quase trinta metros… Bem, ele e uma yorkshire de 15 cm.

Alexis Thunderduck