Crítica: Power Rangers
Por Bianca Heredia
Existem pessoas que choram em filmes dramáticos e românticos, e existem aquelas pessoas que choram com a nostalgia vista na telona. Me encontrei no segundo caso ao assistir o filme dos Power Rangers. Logo de cara, é impossível assisti-lo sem ter um certo receio, pois, convenhamos: é sempre perigoso mexer com histórias e personagens que fizeram parte de nossa infância. Aquela imagem intacta que nós temos de algo – que se pararmos para ver hoje em dia talvez nem seja tão bom assim – é incrível e mágica, e tal imagem, felizmente, conseguiu ser muito bem executada pelo diretor Dean Israelite (Projeto Almanaque).
Trazido para os dias atuais, Saban’s Power Rangers se empenhou muito na construção dos personagens principais, o que deixou pouca margem para erros e perguntas sem respostas. Esse detalhe foi o diferencial do filme. Por mais que todos saibam (pelo menos quem cresceu nos anos 90) quem são, como são, ou que é um Megazord, o filme se preocupou muito com a evolução e construção da narrativa. Conseguimos acompanhar de um jeito bem detalhado como foi o desenvolvimento da relação entre os personagens, e o mais importante, como lidaram com o fato de se tornarem Power Rangers (afinal, é muito fácil estragar um filme só jogando armaduras e deixando o resto da história com apenas lutas, não é verdade?). Com piadas na medida certa e um bom timing, sem forçar nada, a história consegue prosseguir com linearidade, dramaticidade e ação.
Jason Scott (Dacre Montgomery) é o Ranger Vermelho, Billy Cranston (RJ Cyler) é o Ranger Azul, Kimberly Hart (Naomi Scott) é a Ranger Rosa, Zack Taylor (Ludi Lin) é o Ranger Preto e Trini Kwan (Becky G.) é a Ranger Amarela. Cada um dos personagens possuem problemas diferentes, mas no aspecto geral da história todos acabam se ajudando a encará-los e superá-los, o que resulta em uma união poderosa não só na vida social do grupo como também nas batalhas a fim de salvar o Planeta Terra. Os novatos tornam tudo mais crível graças às suas boas atuações e ao roteiro que dosa bem a parte do “antes” e “depois”. Antes, eles eram jovens perdidos que não sabiam exatamente o que fazer. Depois, eles começam a enxergar um propósito e percebem que tudo que viveram até ali começou a fazer sentido.
Os fãs da série verão referência atrás de referência no decorrer do filme, o que particularmente me fez coçar o olho para fingir que eu não estava chorando. O filme ainda conta com as participações dos atores Bryan Cranston (de Breaking Bad) como Zordon, Bill Hader como Alpha 5 (ai, ai, ai!) e Elizabeth Banks (de Jogos Vorazes) como a famosa vilã do seriado Rita Repulsa. Mesmo com a presença de atores de peso, os cinco novatos Power Rangers não ficam nem um pouco em segundo plano ou até mesmo ofuscados.
Power Rangers é uma grata surpresa recheada de nostalgia e diversão. É um filme especialmente para os fãs e acerta em cheio ao mexer com o coração dos mesmos. Ah, já adiantamos que vai ser difícil segurar a emoção quando a trilha “go, go Power Rangers” começa a tocar!
O filme estreia na próxima quinta feira, 23 de março em todo o Brasil.
FICHA TÉCNICA
Direção: Dean Israelite
Roteiro: Ashley Miller, Burk Sharpless, Haim Saban, John Gatins, Matt Sazama, Max Landis, Shuki Levy, Zack Stentz
Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, Becky G., Bill Hader, Bryan Cranston, David Denman, Elizabeth Banks, Ludi Lin, RJ Cyler
Produção: Brian Casentini, Haim Saban, Marty Bowen, Wyck Godfrey
Fotografia: Matthew J. Lloyd
Montador: Martin Bernfeld
Trilha Sonora: Brian Tyler
Duração: 124 min.