Crítica: Sing Street – Música e Sonho
Quase não se ouviu falar de Sing Street em 2016 e muitos se impressionaram ao ver o nome do longa entre os indicados ao Globo de Ouro 2017 na categoria Melhor Filme de Comédia ou Musical. Talvez 50% desse esquecimento seja por conta de todo o alvoroço causado por La La Land, e os outros 50% se deve ao fato de que Sing Street não chegou às salas de cinema do Brasil e nem teve forte divulgação. Mesmo assim, o filme é um grande sucesso de crítica e possui nota 8 no IMDb – apenas um pouco abaixo de La La Land, que conquistou 8,4 estrelas no site. Para os interessados, o longa está disponível no catálogo da Netflix!
Em Sing Street, voltamos para a Irlanda da década de 80 e somos apresentados ao protagonista, Conor (Ferdia Walsh-Peelo), um jovem que, devido à péssima situação financeira dos pais, é obrigado a mudar para um colégio católico longe de ser um exemplo de ensino. Logo no primeiro dia, o adolescente enfrenta problemas com os valentões, mas é na frente dessa escola que ele conhece e se apaixona à primeira vista por Raphina (Lucy Boynton). Com o intuito de conquistar a moça, uma modelo que sonha em viajar para Londres, Conor mente dizendo ter uma banda e ainda a convida para ser a grande estrela do clipe. Fica por conta dele, então, montar a banda e compor músicas para conquistar o coração de Raphina.
Porém, o que começou como numa grande mentira, se torna um verdadeiro sonho para Conor. Após conseguir formar uma banda com alguns amigos mais próximos, o protagonista passa a levar o grupo a sério ao perceber que eles possuem talento. E é nesse momento que o filme cresce. Apesar do roteiro não ser focado na história da banda, mas sim em Conor, Raphina e os dilemas de Brendan (Jack Reynor), irmão do protagonista, é impossível não se deixar envolver pelas músicas, todas originais e inspiradas em Duran Duran, A-Ha, The Cure. Não é á toa que Sing Street levou o prêmio de Melhor Canção com “Drive It Like You Stole It” no Atlanta Film Critics Society. A mesma música foi indicada no Critics’ Choice Awards também como Melhor Canção. Drive It Like You Stole It e todo o restante da trilha sonora de Sing Street está disponível no Spotify.
O roteiro não é tão ousado e usa uma fórmula certa e até mesmo clichê para cativar o público. Mas com personagens tão cheios de carisma, os clichês da história não incomodam. Vale destacar Brendan, um rapaz apaixonado por música e que é o responsável por abrir as portas desse universo para Conor. Sing Street é um filme leve, mas que, simultaneamente, consegue falar sobre frustrações, problemas familiares, religião e relacionamentos. A válvula de escape para os problemas dos três personagens centrais – Conor, Raphina e Brendan – é a música e a vontade de alcançar os sonhos. E, provavelmente, essa história se pareça ao menos um pouco com as de muitas bandas reais por aí.
Sing Street termina de um jeito fantasioso, sem grandes reviravoltas ou descobertas, o que não deve ser visto como algo ruim. Sabe aquela frase: menos é mais? Sem ter um roteiro enfeitado, o filme conquista pelas atuações, músicas e questionamentos. O que o diretor e roteirista John Carney nos entrega é uma fonte de energia positiva sem a pretensão de ser algo espetacular. Você vai terminar Sing Street empolgado(a) e animado(a)!