Crítica: Star Trek – Discovery (Episódio 8)
A uma semana de sua midseason finale, Star Trek – Discovery se prepara para a guerra.
O oitavo episódio de Star Trek – Discovery, Si Vis Pacem, Para Bellum, é o mais próximo até agora de uma das fórmulas mais comuns da série clássica: personagens pousam em um planeta desconhecido, um mistério segue e no fim é revelada a verdadeira natureza do local. Sendo Trek, os fãs mais habituados já podem se preparar para qualquer coisa.
Qualquer coisa MESMO, afinal a Federação já se deparou até com deuses gregos, como visto no episódio Who Mourns for Adonais, da 2ª temporada do seriado original. Embora as descobertas de Si Vis Pacem sejam bem menos surpreendentes, ainda assim é bom ver um equilíbrio tão grande entre os diferentes tons que antes oscilavam bem mais. Discovery parece ter mais controle de sua própria identidade a cada capítulo.
O título da série enfim volta a ter sentido, com Burnham (Sonequa Martin-Green), Tyler (Shazad Latif) e Saru (Doug Jones) conhecendo o planeta azul e reluzente Pandor… ahem, Pahvo. Os três estão lá para ativar uma espécie de transmissor que os dê a possibilidade de detectar naves Klingon camufladas. O lugar, no entanto, é habitado por seres espectrais, cujas intenções são ambíguas. Conflitos de interesse acontecem, tornando a missão mais complicada do que deveria ser.
O affair Burnham/Tyler continua, mas não ocupa tanto espaço. A trama dos Klingons parece se mover em um ritmo mais acelerado e traz possibilidades empolgantes, com L’Rell (Mary Chieffo) botando seu plano em ação (finalmente!). Até a Cadete Tilly (Mary Wiseman) parece mais segura, menos verborrágica. São pequenas evoluções como essas que me fazem voltar à série a cada semana, provando que não se trata de mais uma fórmula teimosa, como se vê ainda em muitos seriados de sucesso.
Enquanto isso, vemos a klingon L’Rell formando uma inesperada parceria com a almirante Cornwell (Jayne Brook), que havia sido sequestrada no lugar de Sarek (James Frain) no episódio retrasado, fornecendo uma maneira de chantagem para os klingons contra a Federação. O plano também não corre como o esperado, mas pelo menos é sinal de que os roteiristas da série não se esqueceram de dar uma maior dimensão para a raça guerreira.
Infelizmente, de um lado técnico, Discovery ainda conta com uma direção geralmente atrapalhada, o que funciona para os momentos de ação mais similares ao espírito das séries originais, mas que por outro lado acaba minando o impacto de alguns trechos que pedem por tensão. Contudo, os efeitos continuam acima da média televisiva, com o horizonte azulado de Pahvo conferindo um senso de escala bem-vindo ao episódio.
Si Vis Pacem, Para Bellum é, acima de tudo, uma construção do que virá no próximo episódio, a midseason finale, com direito a um cliffhanger (aka gancho) final. Star Trek – Discovery pode não ser a melhor série atualmente em exibição, mas certamente estou curioso para ver o destino da jornada de Michael Burnham.