Crítica: The Get Down (1ª temporada)

Crítica: The Get Down (1ª temporada)

Por Giovanna Orlando

Quando foi lançada em agosto, The Get Down era, na época, a série mais cara já produzida pela Netflix (mas perdeu esse posto para The Crown). A obra é criação de Baz Luhrmann, o mesmo diretor de Vem Dançar Comigo, O Grande Gatsby, Moulin Rouge e Austrália.

A trama mostra o Bronx dos anos 70, o bairro negro de Nova York. Somos apresentados a um mundo caótico, cercado por gangues que controlam partes diferentes do bairro, o tráfico de drogas, a violência, mas o mais importante, a música.

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Ezekiel Figuero (Justice Smith) é um adolescente com uma família problemática e um talento invejável com palavras e rimas. Ele é apaixonado por Myllene, a filha de um pastor conservador, e que sonha em se tornar uma cantora de disco mais importante de Misty Holloway.

Zeke é seguido por seus três melhores amigos: Dizzee (Jaden Smith), Ra-Ra (Skylan Brooks) e Boo Boo (Tremaine Brown Jr). Os meninos vivem em uma área de intersecção entre as principais gangues do Bronx: a dos negros e a dos latinos. Um tema importante que é constantemente abordado na série é a reurbanização do Bronx, um projeto que tentaria deixar o bairro mais seguro, livre de gangues e com melhores condições estruturais. Essa é uma questão intrínseca a um dos objetivos da série: mostrar o surgimento do hip hop.

Dentro da gangue negra, aparece a figura de Cadillac, o dono de uma boate Disco e a porta de entrada no mundo musical para Myllene. Aparece também Shaolin Fantastic, o grafiteiro ídolo de Dizzee e seus amigos, uma figura quase mística para eles. Um dos pontos mais tocantes na série é como ela derruba a aura de superioridade intocável desses dois personagens, mostrando as angústias de Shaolin e as inseguranças de Cadillac.

O envolvimento dos personagens com a música se dá quase de forma natural. Inclusive, as músicas na série são apaixonantes. Se em algum momento The Get Down não conseguiu atrair a audiência ou deixar a narrativa muito arrastada, os momentos musicais são a chave de ouro. É impossível não se arrepiar com Myllene cantando ou com o Zeke declamando o poema no primeiro episódio.

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A história de The Get Down consegue criar um movimento próprio. O espectador consegue acompanhar um movimento natural dos acontecimentos junto com a série, onde todos os momentos mais impactantes são esperados (mas isso não tira, de forma alguma, o esplendor deles).

The Get Down é muito mais que apenas uma série musical da Netflix. É a série que conta a história de personagens negros, que apresenta um bairro miserável e mostra como os projetos de urbanização conseguem acentuar mais ainda a marginalidade e fragilidade de moradores que não tem estrutura para sobreviver, e também mostra como o hip hop nasceu em festas clandestinas. Apresenta de forma impactante a violência entre gangues, o fanatismo religioso, o racismo e, principalmente, a força de vontade em seguir e correr atrás de seus sonhos, não importa o quão difícil seja. The Get Down é uma série que te permite se identificar com diversos personagens, compartilhar as suas angústias, criar empatia com os problemas deles e compartilhar o mesmo sonho: o de crescer sempre e encontrar a sua própria essência.

Giovanna Orlando