Crítica: The OA (1ª Temporada)
A nova atração original Netflix que está tomando conta das redes sociais é The OA. Produzida pela Plan B (produtora fundada por Brad Pitt), a série vem sendo altamente comparada com Stranger Things (sucesso da distribuidora) – mas o que exatamente este pequeno seriado trabalha em seu enredo? Se trata de uma aventura, um suspense? A verdade é que a semelhança de The OA com Stranger Things se dá através da mistura de gêneros e dos elementos visuais que constroem a trama; e ainda assim, merece reconhecimento por sua abordagem original. Se quiser conhecer um pouco mais desta bela produção, continue lendo.
A história parte de Prairie Johnson (Brit Marling), uma garota cega que desaparece. Sete anos depois, ela retorna, com a visão perfeita. A jovem tenta explicar vagamente aos pais e ao FBI o que aconteceu durante a sua ausência. Para a surpresa de todos, ela diz que nunca realmente se foi, mas estava em outro plano da existência. Com essa premissa, a série evolui para questionamentos filosóficos interessantes e uma narrativa gostosa de acompanhar, mas que exige certa paciência, uma vez que seu desenvolvimento procura uma evolução lenta e gradativa, num ritmo arrastado, mas que aos poucos obtém a atenção do público com aspectos curiosos – que vai desde a explicação para o estranho desaparecimento de Prairie até os portões do desconhecido, de uma outra dimensão de vida.
The OA não poupa tempo na construção de seus personagens, a qual realiza com perfeição por meio de um roteiro colaborativo e pontual e atuações calorosas. Como os quatro adolescentes e a professora bem trabalhados (com exceção de poucos), que Prairie acolhe para auxiliarem-na em sua missão, passando a ouvir sua história de vida com interesse. A série conta com dois desenvolvimentos diferentes: o primeiro é o próprio contexto atual, em que Prairie se vê tentando explicar para todos o que de fato aconteceu com ela, e o segundo é sua história contada apenas para os adolescentes, que a escutam todos os dias à meia-noite em uma casa abandonada. Enquanto isso, enredos secundários se estendem ao longo dos episódios, contando um pouco ao espectador sobre cada um dos personagens, mostrando seus problemas pessoais, conflitos, medos e suas convivências familiares.
Essa excitante produção se torna difícil de se definir em um gênero por explorar momentos angustiantes de suspense e cenas prazerosas de aventura (e até instantes que nos remetem ao romance). Porém, todo seu conteúdo fascinante do sofrimento dos personagens e das relações humanas, a caracterizam como um drama surpreendente, que apenas aposta na compreensão do espectador para emocioná-lo intensamente. Provavelmente, a série não atingirá a fama de Stranger Things, principalmente por talvez enfrentar uma grande dificuldade que é a de encontrar seu público. Por meio do visual carregado das fotos e trailers, The OA pode até ser interpretado como uma ficção científica (mostrando mais uma vez sua variedade de gêneros), o que pode decepcionar muitos fãs que esperam muita ação e efeitos especiais. Mas a série se vale realmente por seus mistérios reflexivos, como o questionamento da verdade, da fé, da determinação, da coragem, e também da liberdade. Além disso, a relação entre os adolescentes problemáticos que pouco possuem características em comum (sendo muitas vezes estereotipados como o nerd, o valentão, o deslocado), constrói a percepção de um bem maior a ser revelado, como a união entre esses personagens e a importância disso na vida de cada um.
A direção traz planos agradáveis, com ângulos e movimentos convencionais. Nada muito rebuscado, facilitando a imersão do espectador na história. A protagonista Brit Marling assina o roteiro da série junto com o diretor, Zal Batmanglij, além de outros nomes que participam de um ou outro episódio, alcançando uma qualidade considerável. O que também chama muito a atenção é a incrível combinação entre a encantadora fotografia de Lol Crawley, que conta com cores claras e condizentes, e o envolvente tema da trilha sonora composta por Rostam Batmanglij, irmão do diretor.
The OA é um ótimo divertimento para quem curte um bom drama cheio de atuações sinceras e diálogos imprevisíveis. A série seria praticamente impecável se não fosse por alguns furos de roteiro que nos deixam em dúvida em alguns momentos, mas que não comprometem a experiência de nenhuma forma. Se você é um daqueles espectadores ansiosos por um enredo que prende, instiga e te destrói por dentro, essa série é uma ótima opção. A maneira como adentramos completamente nessa produção é de se impressionar, pois mesmo sem percebermos, esquecemos quem somos, nossos problemas, e apenas contemplamos mais um formidável trabalho original da Netflix. Impossível se arrepender de conferir uma obra tão valiosa como esta série cheia de personagens. Vale a pena dar uma olhada.
FICHA TÉCNICA
Direção: Brit Marling, Zal Batmanglij
Roteiro: Brit Marling, Zal Batmanglij, Melanie Marnich, Ruby Rae Spiegel, Dominic Orlando
Elenco: Brit Marling, Emory Cohen, Scott Wilson, Phyllis Smith, Alice Krige, Patrick Gibson, Brendan Meyer, Brandon Perea, Ian Alexander, Jason Isaacs
Produção: Brit Marling, Zat Batmanglij, Brad Pitt
Gênero: Drama / Suspense
Número de Episódios: 8
Um comentário em “Crítica: The OA (1ª Temporada)”
Comentários estão encerrado.