Crítica: A Torre Negra

Crítica: A Torre Negra

Adaptar histórias de qualquer escritor já é uma tarefa difícil, mas adaptar uma obra de Stephen King… aí é outro papo. Idealizador de livros que são extremamente respeitados pelo mundo todo e que já renderam muitos filmes, incluindo O Iluminado, Carrie, Conta ComigoÀ Espera de Um Milagre e o aguardado lançamento It – A Coisa, King é, sem dúvidas, um dos maiores escritores de todos os tempos. Dono de um estilo único e tão apaixonante quanto assustador, é óbvio que continuaremos vendo suas obras adaptadas para a telona devido ao seu grande talento que vai além das páginas de livros.

Além de It, 2017 também é ano de vermos uma das séries mais conhecidas de King tomar forma. A Torre Negra possui sete volumes, sendo o primeiro lançado em 1982. História antiga que conquistou o coração de muitos fãs e, não à toa, se tornou uma das mais especiais para o próprio King, pois ele começou a escrevê-la quando tinha apenas 19 anos. Considerada a magnum opus (grande obra) do escritor, estava aí uma história que poderia fazer ainda mais sucesso do que It está projetado para fazer. Mas, infelizmente, teremos que continuar depositando todas as fichas em Pennywise mesmo.

A premissa é intrigante: um pistoleiro chamado Roland Deschain (Idris Elba) anda pelo mundo à procura da famosa Torre Negra, um prédio mágico que está prestes a desaparecer pois o Homem de Preto (Matthew McConaughey) tenta destruí-la a cada dia que passa. Quando Jake (Tom Taylor) aparece entre os dois homens, dois mundos passam a se unir cada vez mais e a luta entre o bem e o mal fica mais intensa.

Então quer dizer que A Torre Negra é ruim?

Não! Mas eu digo isso encarando tudo como puro cinema, como uma pessoa que não leu nenhum dos volumes e que não sabia nada da história antes de entrar na sala de cinema. Como “leiga”, eu consegui captar a essência da trama rapidamente e pude sentir o tom de Stephen King presente ali – mas também não pude deixar de sentir certa distância com tudo o que estava acontecendo.

A Torre Negra tem uma história interessante, mas que se limita demais a clichês. O filme também possui bons personagens, mas a pressa em contar a história deixa de lado algo primordial: a chance do espectador conhecer mais a fundo cada pessoa e se importar verdadeiramente com o elenco. Afinal, isso é o que acontece quando lemos os livros de King.

Comparando com outra grandiosa obra do mestre, It, chega a beirar o absurdo perceber o poder que ele possui em suas palavras ao apresentar cada uma das crianças que moram em Derry. É instantâneo e, quando menos esperamos, já estamos preocupados com cada um dos personagens. Visto que It terá um filme inteiro (com mais de 2h) contando apenas a primeira metade do livro, isso definitivamente já pode ser visto como algo animador.

Já em A Torre Negra, não há tempo suficiente. O que acontece é que a adaptação de inúmeros elementos importantes nos é apresentada tão rapidamente quanto o tempo que demoramos para virar uma página. A edição do filme por vezes não ajuda e deixa tudo ficar com um ar entrecortado e raso.

Pelo lado bom, os atores Matthew McConaughey e Idris Elba seguram as pontas e entregam personagens críveis para aquele universo. Não dá para negar que Matthew está um pouco no “automático”, mas seu visual amedronta e passa toda a energia de sua presença. Idris Elba, por sua vez, conta com seu imenso carisma e atende às expectativas de ser o herói da vez.

Nikolaj Arcel (O Amante da Rainha) dirige este filme de fantasia que encanta pelo visual estonteante. A história agradará aqueles que procuram um filme cuja trama tenha nível razoável, mas para os fãs de Stephen King que estão muito ansiosos para conferir mais uma adaptação cinematográfica de sua obra, é melhor conter a emoção. A Torre Negra é um filme de fácil apreciação, mas que, no fim do dia, infelizmente não passará de um blockbuster devido a um ritmo acelerado que não valoriza a amplitude de uma trama rica e detalhada. Creio que, se fosse desenvolvido como uma série de TV, assim como Deuses Americanos, o resultado poderia deixar alguns fãs mais realizados.

Direção: Nikolaj Arcel 
Elenco:
 Idris Elba, Inge Beckmann, Jackie Earle Haley, Jose Zuniga, Karl Thaning, Katheryn Winnick, Lara Adine Lipschitz, Leeanda Reddy, Lemogang Tsipa, Mark Elderkin, Matthew McConaughey, Tom Taylor
Roteiro: Akiva Goldsman, Anders Thomas Jensen, Jeff Pinkner, Nikolaj Arcel, Stephen King
Produção: Akiva Goldsman, Brian Grazer, Ron Howard, Stephen King
Fotografia: Rasmus Videbæk
Trilha Sonora: Junkie XL
Estúdio: Imagine Entertainment, Media Rights Capital (MRC), Sony Pictures Entertainment (SPE), Weed Road Pictures
Montador: Alan Edward Bell, Dan Zimmerman

Barbara Demerov

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