Crítica: Um Homem Chamado Ove

Crítica: Um Homem Chamado Ove

Por Beatriz Ribeiro

Hoje em dia, tecnologias como celulares, GPS, notebook, fazem nossa vida ser mais acessível e prática. Mas será que todos nós sabemos como trocar um pneu de carro? Como se manuseia uma chave de fenda? Ou até mesmo fazer um simples café sem ajuda de uma cafeteira ou produtos instantâneos? Os avanços contemporâneos fizeram com que as pessoas “desaprendessem” muitos afazeres, e Ove se queixa quase sempre disso. Um Homem Chamado Ove, como diz o título, tem cinquenta e nove anos e não gosta muito das pessoas das gerações mais novas. Para ele, o mundo está perdido com tantas “tralhas tecnológicas”.

En Man Som Heter Ove, título original, é um filme suíço que conta a história de Ove, o estereótipo do “idoso rabugento”. Ove reclama de tudo e não se dá nada bem com seus vizinhos, que por sua vez vivem reclamando de Ove, mas sempre o chamam para consertar seus aquecedores e eletrodomésticos. Além disso, todos os dias de manhã, Ove faz uma vistoria regular em seu bairro: confere se o portão está trancado, se estacionaram corretamente o carro… Ah! É proibida a entrada de carros e bicicletas no bairro também, algo que o deixa furioso se infringirem essa importante norma. Não sendo muito querido, este senhor rabugento vive brigando com todos e impondo suas regras malucas e autoritárias.

Viúvo, Ove sente uma imensa falta de sua mulher, Sonja, principalmente por se ver solitário num mundo em que ele não se sente mais à vontade. Sua esposa era doce e querida pelos moradores do bairro, fazendo-o sentir mais saudade quando seu nome é mencionado em alguma discussão. Deprimido com sua vida e estressado com o modo de vida dos outros, ele toma uma atitude suicida para se ver livre de tudo que o incomoda e poder ficar ao lado de sua amada. Contudo, suas tentativas de autocídio acabam sendo sempre interrompidas por seus vizinhos, principalmente quando uma estranha família passa a morar na casa em frente a sua. Embora rude, Ove aos poucos se aproxima deles e começa revelar um lado mais amável que estava escondido dentro de si, mostrando que no fundo ele é uma pessoa boa, apenas marcada por mágoas do passado.

Assim como a maioria dos idosos, Ove não consegue entender as modernidades da época. “Aipade é um computador?”, é o que diz na primeira página do livro Um Homem Chamada Ove, escrito por Fredrik Backman, que inspirou a criação do filme em seu país de origem. O livro chegou a ser um best-seller na Suíça e já vendeu mais de 650 mil exemplares em vários países.

A história de Ove é comovente e graciosa, porém, não muito original, chegando a ser previsível na maior parte do filme. O enredo lembra muito a história do filme Grand Torino, do diretor Clint Eastwood. Neste filme, um senhor de idade, que também se irrita com as tecnologias do mundo moderno, faz amizade com seus vizinhos estrangeiros de costumes malucos e passa a mostrar um lado mais agradável de sua personalidade. É claro que as histórias se repetem em inúmeros filmes e em diversas partes do mundo. Hoje em dia é quase impossível criar uma história única – porém, o que faz com que aja uma diferença entre uma e outra é o modo de se contar essa história, diferenciando sua narrativa e estilos de fotografia, corte e montagem, algo que em Um Homem Chamado Ove não chega a ser muito explorado. Além disso, o ator, Rolf Lassgård, aparenta ser muito mais velho do que cinquenta e nove anos.

Embora o filme não seja muito surpreendente, esta comédia dramática é emocionante e chega a tirar algumas lágrimas em momentos de afeto e carinho. Além de, é claro, agradar a academia do Oscar que acredita ser um dos melhores filmes do mundo, fazendo a obra concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem de 2017. Ficou curioso(a)? Então assista Um Homem Chamado Ove, que entrará em cartaz no dia 16 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

FICHA TÉCNICA
Direção: Hannes Holm
Elenco: Rolf Lassgård, Bahar Pars, Ida Engvoll
Gênero: Comédia
País: Suécia
Ano: 2016
Duração: 116 min

Beatriz Ribeiro