Crítica: X-Men: Apocalipse

Crítica: X-Men: Apocalipse

Os filmes da franquia X-Men possuem forte ligação entre si, mas, com tantas idas e vindas no tempo, os seis filmes dos mutantes foram divididos em duas trilogias a fim de deixar essa longa linha do tempo menos confusa. O diretorBryan Singer integrou os heróis ao cinema em 2000 com X-Men, e o tremendo sucesso da adaptação fez uma continuação ainda melhor ser criada em 2003 (X-Men 2). Seu objetivo não era fazer uma trilogia – tanto que, enquanto o terceiro filme era rodado, Singer estava trabalhando em Superman Returns. Porém, X-Men: O Confronto Final realmente saiu do papel com Brett Ratner na direção e foi um fracasso tanto para a crítica quanto para os fãs, pois pecou ao adaptar uma das melhores histórias dos quadrinhos: A Saga da Fênix Negra.

Mas quem diria que, em 2011, a franquia estaria a salvo? X-Men: Primeira Classe, com a direção de Matthew Vaughn, foi uma fantástica prequela – com toque de reboot – que reconquistou seu público. Uma nova trilogia estava chegando? Sim, juntamente com a volta de Bryan Singer, que dirigiu o sucessor X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014). O segundo capítulo da segunda trilogia foi outra adaptação das HQ’s, mas que deu certo dessa vez. Devido ao sucesso que o rumo da franquia tomou, muitas expectativas foram criadas em torno do que viria a seguir, uma vez que as cenas pós-créditos deixavam claro que a próxima história iria focar em Apocalipse, importante vilão dos quadrinhos que nunca havia sido desenvolvido nos cinemas.

Dois anos depois, chegou a hora da introdução de En Sabah Nur em X-Men: Apocalipse, e ela é feita de forma poderosa e marcante, com um tom bem sombrio. A imponência do primeiro mutante do mundo logo é vista no Egito Antigo, onde governava com a proteção de seus quatro Cavaleiros. Em uma época que possuir poderes sobre-humanos era um presente divino, Apocalipse acumulava poderes e era visto como um deus, mas ao sofrer uma traição, permaneceu adormecido por mais de cinco mil anos… até ser despertado em 1983, onde a trama do filme é fixada.

Um padrão interessante foi seguido na nova trilogia: cada filme tem uma diferença de 10 anos na linha temporal. Primeira Classe se passou na década de 60, Dias de Um Futuro Esquecido na década de 70, e Apocalipse, o filme da vez, possui os anos 80 como pano de fundo, com diversas referências e uma piada sensacional que envolve um filme da própria franquia (adivinha qual?). Na trama, podemos ver alguns mutantes bem jovens, como Jean Grey e Scott Summers, ainda aprendendo a dominar seus poderes na Escola para Superdotados – que está se tornando cada vez mais importante. Porém, tempos obscuros chegam com o ressurgimento de Apocalipse, que logo nota que o mundo está sendo comandado pelos ‘fracos’: os humanos. Com discursos que começam fortes mas que acabam se tornando excessivos, Apocalipse vai reunindo seus novos Cavaleiros para dar paz e liberdade aos seus filhos, os mutantes. Por fim, o vilão consegue o apoio da jovem Tempestade (Alexandra Shipp), Psylocke (Olivia Munn), Anjo (Ben Hardy) e Magneto (Michael Fassbender). Mas, apesar da presença inquestionável do ator Oscar Isaac com todos os quilos de roupa e maquiagem, não fica muito claro o que Apocalipse almeja fazer depois de conquistar o planeta. Ele acaba sendo um catalisador na vida dos X-Men, e não um antagonista de peso.

No geral, o elenco está bem distribuído, mas infelizmente há exceções: Psylocke e Jubileu se encaixam mais como fan services do que qualquer outra coisa no filme. James McAvoy está ótimo como sempre na pele de Charles Xavier, e Michael Fassbender entrega novamente uma atuação memorável, principalmente pelo fato de seu personagem ser um dos mais bem desenvolvidos no longa de Bryan Singer. Mística (Jennifer Lawrence), que tenta lidar com o fardo de heroína, Hank McCoy (Nicholas Hoult) e a agente Moira MacTaggert (Rose Bryne) possuem papéis significantes, mas o destaque fica mesmo para os novatos em versões adolescentes: Sophie Turner brilha como Jean Grey e mostra um lado aprofundado da personagem; Tye Sheridan é um Ciclope que está perto de encontrar a liderança que possui nos quadrinhos; Kodi Smit-McPhee cativa facilmente como Noturno; e Evan Peters, como Mercúrio, novamente é o protagonista de uma cena muito bem feita e que se encaixou perfeitamente na narrativa, ainda por cima ao som de Sweet Dreams (Are Made of This)!

Conforme o conflito vai se aproximando e o destino da civilização fica cada vez mais em jogo, duas batalhas ocorrem simultaneamente: o embate entre os X-Men e os Cavaleiros, e a luta mental entre Xavier e Apocalipse, que acredita em suas ideologias milenares. Apesar do forte uso de CGI, o visual e ambientação do filme são ótimos, assim como a montagem de John Ottman; mas o foco principal do filme é certamente colocar os heróis em primeiro plano, sem medo de inserir catástrofes e mortes. O longa busca encerrar arcos de personagens como Xavier, Mística e Magneto para transmitir o legado à nova formação de mutantes.

X-Men: Apocalipse funciona, de certa forma, como um recomeço. Deixa um gosto de “quero mais” na maioria das sequências de ação, e tanto a aparição de um personagem icônico como a cena pós-créditos dão a esperança de um futuro competente para a franquia.

FICHA TÉCNICA
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Bryan Singer, Dan Harris, Michael Dougherty, Simon Kinberg
Elenco: Alexandra Shipp, Ben Hardy, Evan Peters, Hugh Jackman, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Joanne Boland, Josh Helman, Kodi Smit-McPhee, Lana Condor, Lucas Till, Michael Fassbender, Nicholas Hoult, Olivia Munn, Oscar Isaac, Sophie Turner, Tómas Lemarquis, Tye Sheridan
Produção: Lauren Shuler-Donner, Simon Kinberg
Fotografia: Newton Thomas Sigel
Montador: John Ottman

Barbara Demerov

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