Entrevista com o ator Christian Friedel, do filme 13 Minutos
Confira a nossa entrevista com Christian Friedel, ator do novo longa de Oliver Hirschbiegel (diretor de A Queda: As Últimas Horas de Hitler)! O filme foi destaque da 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
13 Minutos é uma biografia de Georg Elser, o homem que tentou matar Adolf Hitler. Em 8 de novembro de 1939, Elser implantou uma bomba atrás de um púlpito usado por Hitler, em Munique. Mas o Führer deixou o local mais cedo que o esperado, contrariando o plano que poderia ter evitado a Segunda Guerra Mundial.
Qual foi a sua primeira reação depois de ler o roteiro? Como você reagiu quando lhe ofeceram o papel principal?
A história me capturou logo na primeira leitura. Era uma mistura interessante de eventos históricos reais com interpretação ficcional. No início, achei difícil me colocar no lugar do personagem principal, algumas coisas eram estranhas para mim. Os testes foram as cenas do interrogatório e eu achei empolgante me concentrar na “falha” de Elser, na dor, na raiva e na determinação. Um papel como esse é um grande presente para qualquer ator; estava claro para mim que eu não seria o único dando tudo de si nos testes, também achei que não teria grandes chances. Quando enfim fui aceito, fiquei surpreso e radiante.
O que mais o atraiu no projeto?
O escopo do personagem e o desenvolvimento do Georg Elser cinematográfico foram o que mais me atraiu. Você o conhece em sua juventude como um “Stenz” musical libertário e cheio de amor pela vida. Sua relação difícil com o pai e o forte posicionamento religioso da mãe são grandes pontos de atrito para ele. A gradual manifestação de suas ideias de ter que fazer algo contra os nazistas à execução de seu plano e subsequente prisão infeliz, levando à tortura e ao fim depressivo, sem alegria de viver, são tarefas muito empolgantes para um ator.
Como foi sua preparação para o papel? Como você fez imersão no assunto?
Além da preparação normal, como decorar as falas, revisar o roteiro etc., eu, entre outras coisas, assisti a vídeos de testemunhas vivas e li algumas coisas sobre Georg Elser. Achei interessante que seus parentes e conhecidos não tinham só coisas positivas e compreensivas a dizer sobre ele, ou se mantiveram em silêncio em parte sobre seu feito. Visões tão diferentes de uma figura histórica me inspiraram e vagarosamente imagens foram se formando em minha mente. Ainda assim, eu não fui o tipo de ator que entra no set 100% seguro e sabia como Elser andava, falava etc. Eu tentei, no momento, e em conexão com a visão do diretor, me deixar levar.
Como foi trabalhar com Oliver Hirschbiegel?
Às vezes existem atos de providência, desenvolvimentos e encontros que permitem que você leve seu desenvolvimento artístico para um outro nível. Sou muito grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com Oliver Hirschbiegel. Ele é muito preciso, exigente e atento aos detalhes. Frequentemente filmamos cenas a partir de diferentes pontos de vista e sempre havia espaço para o improviso. Além disso, ele é muito bom em liderar uma equipe e sabe como contar histórias intensas e cativantes. E suas experiências nos Estados Unidos e na Inglaterra ajudaram a fazer com que o tema não ficasse pretencioso e pesado. Porque essa é às vezes uma fraqueza dos alemães, com toda a nossa gravidade, tendemos a perder a leveza na abordagem.