EXCLUSIVO: Entrevista com a atriz Catherine Frot, do filme O Reencontro
O Cinematecando entrevistou a atriz Catherine Frot, que contracena com Catherine Deneuve no longa O Reencontro. O filme estreia nesta quinta-feira (27) com distribuição da Mares Filmes.
Confira a entrevista abaixo!
Você faz o papel principal em O REENCONTRO. O que a atraiu no papel de Claire?
Fiquei instantaneamente empolgada com o papel. Eu sabia que Martin Provost tinha escrito para mim, que ele tinha até sonhado comigo como parteira debruçada sobre ele. Ele é um escritor extremamente sensível, eu gostei muito do universo dele, da forma como ele falou comigo sobre a personagem, da sua habilidade de ser ao mesmo tempo engraçado e emotivo. Também achei o papel de Béatrice muito bonito, mas sabia que era para Catherine Deneuve. Eu não hesitei por um segundo. Eu adorei a ideia de duas mulheres tão diferentes: Béatrice é a cigarra enquanto que Claire é a formiga. Elas são duas grandes figuras de uma tragicomédia.
A história de Claire é de transformação.
Foi o que me atraiu na personagem. Claire está num momento crucial de sua vida: a clínica onde ela sempre trabalhou está prestes a fechar, seu filho saiu de casa, ela está para embarcar num caso de amor com Paul e Béatrice reaparece em sua vida como um fantasma do passado. Sua vida cotidiana fica ainda mais tumultuada, uma vez que Claire é uma mulher muito disciplinada, e ela tem que colocar sua vida em espera para se dedicar aos outros com incrível bondade e devoção. O ressurgimento de Béatrice a faz questionar seu estilo de vida. É o que há de mais belo em Claire: ao aceitar perdoar Béatrice, ela aceita mudar, voltando para a luz, para tirar total vantagem das alegrias e dos prazeres que a vida tem a oferecer. Na minha opinião, o perdão que Claire dá a Béatrice é intrínseco para sua transformação.
Em que ponto Claire aceita verdadeiramente as mudanças em sua vida?
Quando ela vai ver Béatrice no leito do hospital: Béatrice a apresenta para os médicos como sua filha e Claire não nega. De fato, ela implicitamente aceita cuidar dela. É o início do processo de perdão. Daquele ponto em diante, ela começa a viver. Ela vai se entregar para Paul, dá a ele um espaço em sua vida cotidiana. Tudo ocorre inconscientemente, mas é natural essencialmente.
Ela é uma mulher comprometida.
Claire não é uma seguidora. Ela não é do tipo que trai seus princípios no primeiro obstáculo. Ela é muito comprometida no sentido de que tem visões diretas e inequívocas, notavelmente no que diz respeito à sua profissão. Ela discorda de metas, rejeita as “fábricas de bebês” e é muito determinada.
Há algo tão óbvio na relação de Claire e Béatrice. Como você se aproximou de Catherine Deneuve?
Tudo se encaixou facilmente. Catherine Deneuve teve o mesmo efeito em mim que Béatrice tem em Claire. Ela é uma atriz muito instintiva, muito elegante. Ela vive o momento.
Martin Provost queria filmar partos reais. Como foi a experiência?
Confesso que fiquei um pouco apreensiva quando li o roteiro pela primeira vez. A ideia de assistir a um parto de verdade, por mais comovente que possa ser, não era nada insignificante. Por fim eu aceitei, já que sabia que era uma parte integral do projeto que Martin estava me oferecendo. Eu prossegui em estágios. Primeiro pedir para assistir a partos para descobrir se conseguiria fazer os gestos apropriados. Eu percebi que, na verdade, é tudo muito natural, muito normal. Depois fiz aulas com uma ex-parteira que me fez ensaiar com bonecos. Estava um pouco preocupada com a primeira cena no set, mas tudo correu maravilhosamente bem. Normalmente, meu trabalho como atriz requer que eu seja uma ilusão, fui uma pianista virtuosa em “Ao Lado da Pianista”, uma chef talentosa em “Os Sabores do Palácio”, desta vez estava determinada a ir além da ilusão, sem hesitar.
Você encontrou com as futuras mães que ajudaria no parto?
Eu as conheci na clínica apenas uma ou duas horas antes de filmar. Disse para cada uma delas para que não se sentissem envergonhadas e que não hesitassem em pedir que eu fosse embora, eu estava lá para ajudar as parteiras de verdade.
Martin Provost diz que teve que se entregar para fazer esse filme. Aconteceu o mesmo com você?
Sim. Ele me conduziu para uma forma de abandono, o que foi ainda mais significante porque o filme tocou em algo muito pessoal. Nós concordamos em colocar ênfase na jornada de Claire, em sua transformação através de sua ligação com Béatrice e Paul. A personagem tinha que ser constantemente tangível.