A expectativa para The Last Guardian
Por Rodrigo Fabretti
Após anos de espera, o novo jogo de Fumito Ueda será lançado. Mas, o que esperamos dessa nova aventura? Contamos tudo o que sabemos!
Considerado um “sucessor espiritual” dos clássicos Ico e Shadow of the Colossus, ambos do antigo e finado PlayStation 2, The Last Guardian começou a ser produzido em 2007 e foi confirmado em 2009. Mas anos passaram. E3s passaram. Tokyo Game Shows passaram. E nada. Desenvolvido exclusivamente para o quase-finado PlayStation 3, The Last Guardian, que inicialmente se chamava Project Trico, era uma certa piada em todas as feiras de games – uma espécie de Half-Life 3.
Mais alguns anos passaram, entrou a geração atual dos consoles, e, durante a conferência da Sony na E3 2015, finalmente tivemos a confirmação do desenvolvimento do jogo. Na E3 2016 já divulgaram a data de lançamento: 25 de outubro de 2016. Os gamers aplaudiram e comemoraram após o trailer. Mas a novela não terminou por aí. No dia 12 de setembro, o blog oficial do PlayStation veio com o anúncio: o jogo foi adiado para o dia 06 de dezembro de 2016. E – se não for adiado novamente – esse dia finalmente está chegando!
Para explicar uma grande característica desse novo jogo, precisamos voltar para seu “antecessor espiritual”, Shadow of the Colossus. Em Shadow temos um enredo tecnicamente simples: Wander quer ressuscitar uma garota chamada Mono. Para isso, ele vai atrás de uma entidade chamada Dormin, que propõe à Wander que trará Mono se ele derrotar 16 colossos em uma área chamada Região Proibida. Com esse objetivo, o jovem pega seu fiel cavalo, Agro, e parte em busca dos colossos.
É aí que está um dos pontos altos de Shadow of the Colossus: a relação de Wander e Agro. Além de ser o meio de transporte entre as batalhas, Agro também desempenha um papel importante para derrotar alguns chefes. Nos colossos que o cavalo não consegue chegar, ele aguarda o retorno do jovem. Isso cria um afeto muito grande entre Wander, Agro e o jogador. É dessa conexão entre personagem e criatura que parece que veio a maior inspiração de Fumito Ueda, responsável por Ico e Shadow of the Colossus, para The Last Guardian. No novo exclusivo da Sony, o que vemos é exatamente algo que aconteceu em Shadow of the Colossus: a interação entre um jovem e uma criatura.
Neste caso, a criatura aqui se chama Trico, uma espécie de grifo. Há algumas teorias sobre a origem e o nome de Trico. Por enquanto, a única certeza vem do nome do jogo no Japão: Hitokui no Owashi Trico, em uma tradução seria Trico, a Águia Devoradora de Homens. Parecendo muito um grifo, o animal tem características de cachorro/gato e penas por todo corpo. Ao olhar Trico vemos que ele sofreu bastante, já que conta com lanças presas em suas costas e algo que parecia ser uma asa. Isso também mostra na forma que o personagem principal vê Trico pela primeira vez. Logo no início do jogo, encontramos a ave presa por pesadas correntes e com marcas de tortura. Há aí uma possibilidade de origem do nome Trico: um apelido de Toriko, ou prisioneiro em japonês. Só com isso podemos ver que a águia é a chave principal para todo o enredo.
Já o personagem principal é um garoto, que não temos muita informação, nem mesmo o nome. O que sabemos é o começo do jogo: o menino é sequestrado sob circunstancias misteriosas, palavras do próprio Fumito Ueda. Ao acordar, ele está no meio de uma cidade de pedras em ruínas e com tatuagens pelo corpo que ele não tinha anteriormente. Lá o garoto encontra uma gigante criatura, Trico, e os dois se unem para fugir desse lugar. Com esse objetivo em comum, os dois personagens vão criando um laço de amizade muito forte.
A história também não é muito clara e há diversas perguntas ainda para serem respondidas. Uma das poucas coisas reveladas até o momento são os diversos flashbacks. O jogo, tecnicamente, já é um, sendo uma história contada por um homem e sua experiência de quando era jovem encontrando uma criatura gigante e peluda. Ou segundo o próprio site da PlayStation: “Em uma nação mística e incomum, um garoto descobre uma misteriosa criatura, com quem ele forma um vínculo profundo e indestrutível. A dupla improvável deve ter confiança mútua para se aventurar por ruínas elevadas e traiçoeiras, repletas de perigos desconhecidos”. Frase Sessão da Tarde? Sim. Continuamos ansiosos? Sim.
Para quem ama a jogabilidade de Ico e Shadow of the Colossus, The Last Guardian será um controle cheio. O gameplay aqui é bastante parecido com seus antecessores. Em terceira pessoa e com diversos puzzles, você vai precisar descobrir como enfrentar os desafios que surgirem. Aqui também fica em destaque a interação com Trico. Muitas vezes será necessário descobrir como usar seu amigo para ultrapassar os obstáculos. Um dos grandes problemas vai ser controlar o animal. Inicialmente, a criatura vai fazer o que quiser e não vai seguir seus comandos, chegando ao ponto de querer ir dormir quando ela quiser. Durante o jogo, e ao completar certas tarefas, você vai conseguir domar a fera melhor. Ao fim da campanha, esse recurso certamente vai fazer com que alguns jogares consigam ter maior controle sobre Trico do que outros. Além de todas as tarefas normais, você vai ser responsável pelos cuidados da criatura, como alimentação e remover as flechas e lanças que ficarem presas em seu corpo.
Talvez a parte mais preocupante de todo o jogo sejam os gráficos. Mesmo os vídeos mostrando cenas do jogo final, sabemos muito bem que tudo isso pode ser mascarado. Algumas vezes o resultado é totalmente diferente do que foi apresentado nos trailers. A principal razão para essa preocupação é a diferença do processamento gráfico da geração atual para a geração passada. The Last Guardian foi pensado e desenhado para o PlayStation 3. Se formos contar a partir de 2007, temos quase 10 anos de parte gráfica que precisa ser preenchida. Certamente houve uma “remasterização” para o PlayStation 4. Então a principal dúvida é: será que a equipe de Ueda conseguiu adaptar tudo para o novo processador gráfico? Esse tema é extremamente delicado. Enquanto uns, principalmente a galera que joga pelo PC, acredita que os gráficos são essenciais para a jogatina, outros pensam que os gráficos não são tão importantes se o resto for bom. Particularmente penso que os gráficos são importantes complementos. Em um game no estilo de The Last Guardian, o jogador precisa de uma ambientação boa. Ele precisa sentir que está lá. Que está vivendo toda a experiência passada pelo game. E isso depende muito da parte gráfica. Serão os pequenos detalhes, como um movimento de Trico ou uma ação realizada pelo jogador, que ajudarão a prender o gamer cada vez mais na narrativa.
Outra parte importante para ajudar na ambientação e profundidade, o soundtrack ficou na responsabilidade de Takeshi Furukawa, que já trabalhou em Star Wars: Clone Wars e Star Trek: Enterprise, e contou com uma ajuda da London Symphony Orchestra, Trinity Boys Choir e London Voices. Então certamente não precisamos nos preocupar muito com os efeitos sonoros do game.
Além dos quase 10 anos de espera, toda a ansiedade está se refletindo em números de pré-venda. Segundo Joe Palmer, gerente de conteúdo da Sony, tanto a edição normal e a Collector’s Edition estão excedendo as expectativas nas vendas.
Para nós, amantes dos games, resta a esperança de que o jogo realmente entregue todas as expectativas em cima dele. Que The Last Guardian realmente compense todo o tempo que esperamos para conseguir colocar as mãos nele e que atinja o status que seus antecessores tiveram. Pelos trailers e vídeos que a Sony divulgou, é certeza que será um grande jogo. Para quem espera desde 2007, o dia 06 de dezembro está logo aí!
FICHA TÉCNICA
Data de lançamento: 06 de dezembro de 2016
Desenvolvedoras: genDESIGN e SIE Japan Studio
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Direção: Fumito Ueda
Produção: Yasutaka Asakura
Design: Fumito Ueda
Compositor: Takeshi Furukawa
Plataforma: PlayStation 4
Gênero: Ação/Aventura
Modo: Single Player