Os 10 filmes de suspense mais controversos

Os 10 filmes de suspense mais controversos

Introdução

É absolutamente normal adorarmos filmes “ruins” ou odiarmos filmes “bons”, mas nem todos somos capazes de admitir tais circunstâncias. Isso é uma questão que divide opiniões, pois muitos afirmam que não se define a qualidade de um filme sem levar em conta seu público alvo, enquanto outros deixam claro que, se um filme não está apto a conquistar qualquer tipo de expectador, esse filme falhou, supondo que não seria o suficiente agradar apenas os fãs daquele gênero, ator ou diretor. Porém, tudo isso é muito complexo, visto que o marketing e toda forma de divulgação do filme influencia diretamente na expectativa do público, podendo até estragar a experiência do expectador. Por conta de toda essa variedade de pontos de vista, não é esse o tema que pretendo abordar neste texto, ainda que o assunto esteja bastante relacionado.

A principal temática dessa lista se baseia no contraste entre a adoração do público e as críticas negativas da imprensa. Não é de hoje que nos pegamos apaixonados por um filme que, por sua vez, é desprezado pela crítica “profissional”. Só que você já notou que isso raramente acontece com filmes de suspense? Ou que quando acontece mal ficamos sabendo? Pense comigo. Anualmente vemos diversas produções de terror, comédia, romance e ação que agradam bastante seu público, mas que não possuem o mesmo apelo com os críticos de cinema, em que muitos apontam defeitos válidos e consideráveis nessas obras. Mas normalmente os filmes de suspense (em sua maioria) costumam cativar ambos os lados, caindo no gosto popular e sendo majoritariamente bem avaliados por sites famosos. Peculiar não é? Entretanto, nem todos são assim.

Algumas considerações antes da leitura

Preciso confessar que, por conta do suspense ser meu gênero favorito, acabo não sendo tão exigente com esses filmes que prendem nossa atenção (e nossa respiração), nos deixando frenéticos ainda que apenas sentados diante de uma TV ou da telona de cinema. Já aviso que sou fanático por vários dos filmes dessa lista, portanto perdoe-me se minhas palavras parecerem um tanto quanto tendenciosas ao escrever sobre essas obras, embora eu prometa tentar ser o mais imparcial possível.

Um dos principais propósitos desse artigo é fazer com que alguns leitores encontrem seu produto ideal, pois às vezes algumas críticas negativas conseguem afastar o expectador de um filme que, na verdade, poderia se tornar uma obra intrigante e memorável para pessoas específicas – e que, inclusive, pode ser você, leitor!

Confira a seguir, em ordem cronológica, dez dos suspenses mais controversos do século XXI.

O Mistério da Libélula (2002)

O primeiro da lista é considerado por alguns cinéfilos como um drama, mas em minha visão é na verdade um suspense dramático, visto sua condução de mistério e descobertas que aguçam os sentidos e a curiosidade.

Joe Darrow (Kevin Costner) é um médico que ficou viúvo recentemente e acredita que sua falecida esposa, Emily (Susana Thompson), esteja tentando falar com ele do mundo dos mortos, usando para isso pacientes que estejam à beira da morte. Além disto, Joe passa a ser perseguido por estranhas e misteriosas libélulas, que o fazem se lembrar cada vez mais da falecida esposa, mas que também o estimulam a seguir possíveis pistas de que algo precisa ser descoberto.

Na obra, é fácil adentrar na história e se envolver na busca de Joe por sua esposa, nos fazendo ficar ansiosos e tensos, torcendo pelo sucesso do protagonista. Porém a grande inteligência do roteiro está no equilíbrio da dúvida colocada pelo pessimismo e descrença das pessoas ao redor de Joe, sem falar de toda subjetividade das ações dos personagens. É um filme angustiante, e que ao mesmo tempo emociona e inspira seu público, principalmente através da trilha sonora iluminada (uma das mais lindas e enigmáticas que já ouvi) composta por John Debney.

Uma raridade do gênero amada por muitos, e que em minha opinião merecia ser mais valorizada pela crítica. Pouquíssimos filmes conseguiram balancear o suspense e o drama tão satisfatoriamente quanto O Mistério da Libélula.

A Vila (2004)

Por que não dar continuidade com um dos suspenses mais questionáveis do mestre M. Night Shyamalan? A Vila é um daqueles filmes que mais geram discussões a respeito de sua qualidade, sua importância e, principalmente, sua conclusão inesperada.

Numa aldeia tranquila e isolada na Pensilvânia, encontra-se um pacto entre o povo da aldeia e as criaturas que residem na floresta circundante: o povo da cidade não entra na floresta e as criaturas não entram na vila. O pacto permanece fiel por muitos anos, mas quando Lucius Hunt (Joaquin Phoenix) procura suprimentos médicos além da floresta, o pacto é desafiado. Carcaças de animais, sem pelo, começam a aparecer ao redor da aldeia, fazendo com que o conselho de anciãos comece a temer pela segurança da vila.

Não dá para reclamar da direção de arte da obra. Figurinos atraentes, cores chamativas, maquiagens notáveis e cenários bem construídos fazem a festa da platéia. A fotografia também não deixa a desejar, mas é o roteiro o elemento mais ousado de A Vila. Shyamalan conduz o expectador por um caminho cheio de pedras e com aparentemente apenas uma direção, e é ao incluir outra direção com o uso do seu audacioso “plot twist” (dessa vez um dos mais criticados) que ele acaba ganhando e ao mesmo tempo perdendo boa parte da atenção do público, que se sente parcialmente surpreso, mas também por um lado decepcionado.

Eu afirmo que achei incrível a escolha do diretor/roteirista em mudar absurdamente a concepção do expectador e a escolha não me decepcionou, assim como várias outras pessoas. Porém, a crítica, no geral, não gostou nem um pouco dessa “jogada” de Shyamalan, enquanto ao mesmo tempo alguns críticos elogiaram a obra. O fato é que, mesmo a trilha sonora do filme sendo indicada ao Oscar, até hoje A Vila é considerada o marco do declínio do diretor, que só veio a ter um fim com o surpreendente Fragmentado (2016).

Plano de Vôo (2005)

A rainha do suspense, Jodie Foster, estrela esse filme em um papel que se assemelha bastante com seu personagem em O Quarto do Pânico (2002), não por estar presa em um quarto, mas por se mostrar uma mãe preocupada e com uma personalidade fortíssima.

Kyle Pratt (Jodie Foster) é uma mulher devastada emocionalmente devido à recente morte súbita de seu marido. Em meio a uma viagem de Berlim a Nova York, estando a mais de 40 mil pés de altitude e a bordo de um moderno avião, Kyle entra em pânico após perceber o desaparecimento de sua filha de 6 anos, Julia (Marlene Lawston). Desesperada, Kyle precisa provar à tripulação e aos passageiros sua sanidade, já que não há pista alguma sobre o paradeiro de Julia, e ao mesmo tempo convencer a si mesmo que não está enlouquecendo.

Um fator determinante que influenciou a má avaliação do filme, foi a frequente comparação com outro filme lançado no mesmo ano, que também se passa num avião, chamado Vôo Noturno (2005), uma obra fantástica dirigida pelo genial Wes Craven. Parece mentira, não é? Como o sucesso de um filme pode determinar o fracasso de outro? Eu não diria determinar, mas de fato intervém nas expectativas do público, que cobra que um filme seja tão bom quanto o outro. Obviamente um erro, porém inevitável. É a mesma infeliz ocasião que ocorreu com o relativamente recente A Garota no Trem (2016), sendo altamente comparado com o sucesso de David Fincher, Garota Exemplar (2014).

Apesar de tudo, o suspense de Plano de Vôo é bem convincente, junto à sempre exímia interpretação da experiente Jodie Foster. O ótimo entretenimento se garante ao deixar o expectador louco para descobrir onde está Julia, se ela realmente existe, ou se Kyle está apenas alucinando. Há quem encontre pequenas falhas de roteiro ou outras inconveniências, porém a história não deixa de te atrair em nenhum momento.

Quando Um Estranho Chama (2006)

Essa refilmagem do clássico homônimo de 1979 deu o que falar entre os cinéfilos. De inúmeros defeitos do filme como o roteiro previsível e a deplorável e inexpressiva atuação esforçada da atriz Camilla Belle (de ascendência brasileira), o filme ainda assim figura entre um dos meus favoritos (e de muita gente) do gênero.

Jill Johnson (Camilla Belle) é uma jovem que está trabalhando como babá em uma remota casa, localizada no topo de uma colina. Com as crianças dormindo, ela tranca a porta e liga o alarme geral. É quando tem início uma série de telefonemas, em que uma pessoa estranha repetidamente insiste que ela cheque as crianças. Assustada, Jill consegue rastrear as ligações e descobre que as ligações são feitas dentro da própria casa.

O filme aposta em vários clichês para entreter o público, e que em minha opinião o faz de maneira incrível. Tenho uma teoria de que não são os clichês que são ruins, mas sim a forma como são usados. Os filmes slasher dos anos 80/90 são a melhor prova disso. Se o fato de você sempre saber que o último da fila é o primeiro a ser pego não é o suficiente para te impedir de ver um filme, acho que a estratégia do clichê te tem em mãos, e é exatamente o que ela faz, abusa do seu conhecimento. Obviamente refutar uma ideia pré-estabelecida e trazer originalidade é bem interessante, mas usar da previsibilidade e ainda assim alcançar os objetivos pretendidos talvez seja tão incrível quanto, pois mesmo sendo uma artimanha preguiçosa, se o expectador já sabe o que esperar, por que continua comprando a mesma ideia e caindo nas mesmas armadilhas? Já pensou nisso? Afinal, o clichê só é clichê por algum motivo.

No entanto, a minha paixão pela obra de Simon West é gerada a partir de duas características. A primeira, é a admirável direção do filme, que transmite perfeitamente a sensação de isolamento e tensão, explorando ambientes escuros e vazios com uma câmera fluida e rápida, quase como um Danny e seu triciclo em O Iluminado (1980), mas nesse caso em cenários bem mais claustrofóbicos. A segunda característica é a onipresente trilha de James Dooley, profundamente carregada de acordes desarmônicos e apreensivos, que provoca as mais requisitadas emoções de um suspense.

Com todos esses prós e contras, o filme ainda é considerado pela crítica um dos piores do gênero, embora grande parte do público nunca se esqueça das cenas aterrorizantes que a refilmagem de Quando Um Estranho Chama trouxe para o cinema

Número 23 (2007)

Se em O Show de Truman (1998) e em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004) o ator Jim Carrey provou a todos que sabe muito bem interpretar personagens dramáticos, é em Número 23 que vemos seu talento num suspense psicológico absorvente, profundo e original.

Walter Sparrow (Jim Carrey) é um simplório pai de família, que ganhou um livro de presente de sua esposa, Agatha (Virginia Madsen). Chamado “O Número 23”, o livro narra a obsessão de um homem com este número e como isto começa a modificar sua vida. Ao lê-lo Walter reconhece várias de suas passagens, como sendo situações que ele próprio viveu. Aos poucos ele nota a presença do número 23 em seu passado e também no presente, tornando-se cada vez mais paranoico. Como o livro termina com uma morte brutal, Walter passa a temer que ele esteja se tornando um assassino.

O ano de 2007 foi uma grande conquista para o suspense. Filmes aclamados pela crítica e adorados pelo público como 1408, O Orfanato, O Nevoeiro e Paranóia deixaram suas marcas. Mas um de meus filmes favoritos (não só do ano ou do gênero) não possuiu o mesmo acolhimento por parte da crítica, que com suas razões criticou fortemente a previsibilidade do roteiro de Número 23, incluindo seu impotente plot twist. Mas se me permite, leitor, discordo de tais análises por simplesmente não considerar o roteiro clichê, muito menos sua virada inesperada. Eu realmente fui vítima da imprevisibilidade. Posso ter sido um expectador desatento, ou o filme ser de fato surpreendente, por fim, a única certeza é que não fui o único.

Há muitas qualidades no filme que foram simplesmente ignoradas por alguns críticos. A montagem do filme é deslumbrante, a atuação de Carrey espanta o público, a arte simplesmente seduz toda platéia, e a direção do experiente Joel Schumacher também é das melhores. Ainda assim, mesmo sendo o aspecto mais criticado, o roteiro é o que mais me agrada. A inserção de cenas que se passam na mente de Walter enquanto o mesmo lê o livro, dá a ideal sensação de mergulho do expectador no livro junto com o protagonista, mas ao mesmo tempo de mistério, que é o que circunda o filme todo.

Com um terceiro ato previsível ou não, é inevitável afirmar que o filme te deixa de cabelos em pé como poucos suspenses conseguem, nos fazendo questionar tudo sobre o número 23 após os 98 minutos de duração. Agarrar o expectador para dentro da história e fazê-lo arregalar os olhos com as revelações dos personagens parece uma clara obrigação de todos os gêneros, não? Eu não acho. No terror, a única necessidade da obra é te causar medo, ou te dar sustos/arrepios. Na comédia, fazê-lo rir. No drama, te emocionar, criando uma imediata empatia com o personagem. No suspense, porém, as coisas são diferentes. É completamente necessário nos impressionarmos, nos entretermos com o enredo e sentirmos adrenalina o tempo todo. E isso é o que o filme faz.

Presságio (2009)

Tudo bem, eu sei que nem todo mundo é fã de Nicolas Cage, reconheço que seus papéis e sua atuação nem sempre cativam o público, ficando em uma grande dívida com os expectadores. Mas em Presságio, toda a loucura e entusiasmo do personagem está latente na interpretação do ator, mas ainda não foi o suficiente para o filme conquistar a atenção dos críticos.

Em 1959, um grupo de alunos faz alguns desenhos sobre como imaginam que será o futuro. Eles serão guardados em uma cápsula do tempo, que apenas será aberta daqui a 50 anos. Um deles, feito por uma garota, traz uma série de números aleatórios, que ela alega ter sido ditos por alguém que não vê. Meio século depois a cápsula é aberta e este desenho chega às mãos de Caleb Koestler (Chandler Canterbury). O pai dele, o professor de astrofísica John Koestler (Nicolas Cage), percebe que trata-se de uma mensagem codificada que prediz as datas e os números de mortos de cada uma das grandes tragédias ocorridas nos últimos 50 anos. John passa a investigar melhor o desenho e descobre que ele prevê mais três catástrofes ainda não ocorridas, a última delas de proporções globais.

Sinopse longa e interessante não é? Concordo. O filme também é. Durando cerca de duas horas, a obra te prende na cadeira, não permitindo pauses ou desvios de atenção. É uma produção que harmoniza suas proporções de suspense, ação, e até um pouco de ficção científica. Neste caso, torcer pelo personagem é facílimo, uma vez que ele tenta salvar toda humanidade. Mas o uso das evidências numéricas, e a determinação de John criam no público emoções prazerosas, como a de qualquer criança ao descobrir o resultado de uma conta matemática, mas que nesse caso, pode definir o futuro do planeta terra. Considerada uma obra mal direcionada e com uma mensagem complicada, esse sucesso de bilheteria foi visto pelos críticos como uma simples reprodução do já visto.

A Casa dos Sonhos (2011)

Enfim, a possível produção com o maior contraste da lista. Dá pra imaginar um filme (dirigido por um mestre) que não recebe mais de duas estrelas de nenhum site ser tão amado e louvado pelo público? É o que acontece com o controverso A Casa dos Sonhos. Basta ler os comentários do público em algumas críticas do filme para notar a tamanha discrepância de opiniões. Polêmico e discutível, é o filme perfeito para esse artigo.

Will Atenton (Daniel Craig) é um bem sucedido editor em Manhattan que deixa o emprego e se muda com a esposa Libby (Rachel Weisz) e suas duas filhas para a cidade de Nova Inglaterra. Só que logo eles descobrem que a casa onde vivem foi o local do assassinato de uma mãe e seus filhos, um crime que a cidade inteira acredita ter sido cometido pelo próprio marido. Will começa a investigar o caso e logo percebe que há algo de estranho na história. Sua única pista é Ann Patterson (Naomi Watts), uma misteriosa vizinha que conhecia a família vítima da tragédia.

O roteiro (o que é mais destruído pelos críticos), tem sim alguns pontos questionáveis, entre eles, o clássico uso excessivo de clichês, e também o fato de não construir personagens verossímeis. Mas assim como disse antes, você acreditar nas ações do protagonista ou compreender sua personalidade é sim um GIGANTESCO acréscimo para qualquer suspense, entretanto não é um dos pilares da construção do gênero, uma vez que apenas é necessário se projetar na pele do personagem e acompanhar o desenvolvimento da história, que por sua vez precisa te segurar até no mínimo seu segundo ponto de virada (a transição entre o segundo e o terceiro ato). Em minha visão, o roteiro de David Loucka cumpre com sua obrigação, mesmo não sendo nenhuma obra-prima e tendo suas falhas.

Por coincidência ou não, é outro suspense dramático da lista com uma esplendorosa trilha sonora do astucioso John Debney (O Mistério da Libélula), que guia perfeitamente a emoção do expectador. Como músico e cinéfilo, sinto-me triste ao ver duas trilhas tão incrivelmente compostas serem ignoradas em filmes tão mal avaliados pela crítica. O maior argumento dos críticos, é o caso do aclamado diretor Jim Sheridan ter pedido para ter seu nome retirado dos créditos do filme, possivelmente envergonhado do resultado final da obra, que ironicamente acabou caindo no gosto de muita gente.

A Casa dos Sonhos é um filme para ser conferido, mesmo com a grande quantidade de críticas negativas, pois dependendo do gosto de cada cinéfilo, uma crítica tão negativa quanto as que li pode facilmente dar ao leitor a sensação de perda de tempo, quando na verdade o mesmo pode adorar a produção, como aconteceu com muitos. Garanto um não ótimo, porém bom entretenimento.

Curiosidade: Os atores Daniel Craig e Rachel Wiesz se casaram no mesmo ano do filme, logo depois da produção.

12 Horas (2012)

Para mim, Amanda Seyfried é uma das atrizes mais subestimadas e ao mesmo tempo versáteis da atualidade. A atriz já provou seu talento sendo protagonista/coadjuvante em inúmeros filmes de variados gêneros como filmes de terror, dramas, comédias e musicais. 12 Horas, filme dirigido pelo brasileiro Heitor Dhalia, de Cheiro do Ralo (2006), apresenta o melhor da atriz se virando para encontrar sua irmã num suspense de ação que vale uma chance.

A história gira em torno de Jill (Amanda Seyfried), uma jovem que escapou de um serial killer há dois anos e que agora acredita que o mesmo sujeito raptou sua irmã mais nova Sharon (Jennifer Carpenter). Ela terá que lutar sozinha contra a desconfiança das pessoas que nem sequer acreditam que Sharon tenha sido sequestrada.

Reconheçamos que a premissa não é original. Estamos sempre vendo histórias de heróis que percorrem o mundo tentando provar o desaparecimento de alguém ou qualquer acontecimento improvável. Mas não deixa de ser interessante  assistir a algumas perseguições, corrida contra o tempo, e muito suspense. Sem falar da abordagem do papel feminino em um suspense de ação, que é sempre cativante. A crítica vê 12 Horas como uma pacote repleto de atalhos previsíveis do gênero, mas a direção de fotografia de Michael Grady se sobressai ao expôr cenários urbanos inconsistentes e realistas, enquanto sua protagonista (Jill) é vista em meio a calçadas e ruas, com movimentos de câmera interessantes, que provocam impaciência no expectador, testando sua mais oculta calmaria.

Seyfried não decepciona e entrega boas expressões faciais que denotam além do desespero de uma mulher solitária fugindo da polícia (que dela suspeita) e buscando sua irmã, a carga dramática de alguém que já foi sequestrada e conhece o terreno que anda.

A Última Casa da Rua (2012)

Como um grande fã de Max Thieriot, estava animado antes mesmo de conferir esta obra (outra de 2012 da lista). Ao final, o gostinho de satisfação fez falta, mas ao meu ver não deixou grandes decepções como as vistas por boa parte da crítica.

Dispostas a conquistar uma nova vida, a jovem Elissa (Jennifer Lawrence) e sua mãe Sarah (Elisabeth Shue), que se separou recentemente, se mudam para uma grande casa em uma nova cidade. O negócio só foi possível porque o imóvel vizinho ao delas foi palco de um duplo assassinato e assim o aluguel ficou mais baixo. Mas tudo na vida tem um preço e quando Elissa começa a se relacionar com Ryan (Max Thieriot), o único sobrevivente da família assassinada, as coisas começam a mudar radicalmente, trazendo à tona problemas entre mãe e filha, além de conflitos com os vizinhos da região, que acabam envolvendo também a polícia local.

Jennifer Lawrence deixa um pouco a desejar em alguns momentos que exigem tensão, se mostrando bem melhor encaixada em filmes de drama. Mas a administração do  suspense do filme consegue omitir quaisquer pequenos erros, que por fim se mostram irrelevantes em frente a uma história tão boa. O roteiro, o maior atributo de A Última Casa da Rua, traz boas reviravoltas, cenas torturantes e principalmente diálogos originais, exceto os de Sarah, que são bem superficiais, como a própria importantância da personagem no filme.

Se o filme partisse de uma direção minha ou de muita gente, com certeza mudaria em vários detalhes, mas no geral as expectativas do público são cumpridas com alguns sustos, muito medo, e uma sensação de desolação bastante perceptível. Tudo isso é gerado pelo ambiente afastado e pelo evidente desconhecimento da atriz para com a história do local, seus perigos e armadilhas.

Antes de Dormir (2014)

Junto com Jodie Foster, outra rainha do suspense aparece por aqui. Para quem achou que Nicole Kidman só protagonizava suspenses aclamados, meus mais sinceros sentimentos. Antes de Dormir foi um dos suspenses mais discutidos do ano de 2014, com avaliações médias para baixas, mas ainda adorado pelo público convencional.

Dia após dia, Christine Lucas (Nicole Kidman) desperta sem se lembrar de absolutamente nada que aconteceu em sua vida nos últimos 20 anos. Isto acontece devido a um acidente sofrido uma década atrás, que fez com que seu cérebro não consiga reter as informações recebidas ao longo do dia. Com isso, cabe ao seu marido Ben (Colin Firth) a tarefa de relembrá-la de sua vida através de um mural de fotos e detalhes do passado. Além disto, ela passa por uma terapia sigilosa com o dr. Nasch (Mark Strong), que procura incitá-la a ter lembranças sobre o que aconteceu. Só que, aos poucos, ela percebe que nem tudo é o que parece ser.

Como de praxe, a atuação de Kidman é um dos maiores atrativos da obra, dividindo ótimas cenas com os talentosos Colin Firth e Mark Strong, mas não rouba a cena do ótimo suspense do filme, de conteúdo sigiloso. Um quebra-cabeça de primeira, em que o expectador se vê tão perdido e frágil quanto Christine, proporcionando uma boa e infalível identificação com a personagem. Não faltam defeitos na obra, principalmente na direção, que permite um segundo ato bem lento, cansando seu público. Mas há méritos como a direção de arte e a fotografia (quase esquecidos pelos críticos), que fazem do filme um belo espetáculo visual, e o próprio terceiro ato que acrescenta aquela virada imprevisível de dar gosto.


Não desista antes de assistir a esses filmes. É bem capaz que estes 10 filmes não tenham encontrado tão bem seu público, que pode estar por aí varando pela madrugada, procurando loucamente bons suspenses para assistir na Netflix e se angustiando por não encontrar uma sinopse interessante.

Contudo, se você é fã de suspense e ainda não viu algum filme da lista, aconselho que ignore as críticas e confira-os. E, se está cansado de ver possíveis injustiças com boas obras, compartilhe com seus amigos que também adoram o gênero, pois o que essa lista precisa, mais do que tudo, é ser divulgada e comentada!

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.