Rebobinando: 12 Homens e Uma Sentença (1957)

Rebobinando: 12 Homens e Uma Sentença (1957)

Sidney Lumet foi um dos maiores diretores de todos os tempos. Ele presenteou o cinema com obras inesquecíveis, como: Um Dia de Cão, Serpico e Rede de Intrigas. Mas na sessão Rebobinando desta semana, falaremos sobre uma obra especial que ficou marcada justamente pela sua simplicidade e serve como a prova de que, para um filme ser excelente, um bom roteiro e uma boa direção são mais do que suficientes.

Estamos falando de…

12 HOMENS E UMA SENTENÇA (1957)

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Dirigida por Lumet (seu primeiro filme!) e escrita por Reginald Rose, a história gira em torno do julgamento de um homem que, supostamente, assassinou o próprio pai. O júri do caso é composto por 12 homens, e o filme se passa quase que por completo dentro da sala onde todos os homens precisam tomar uma díficil decisão: julgar o jovem porto-riquento ou não julgar?

Dos 12 homens, 11 deles prontamente dizem com convicção que o jovem é culpado, que ele matou seu próprio pai. Porém, um deles, o fantástico ator Henry Fonda, se opõe e diz que acredita no garoto. A partir daí, começa uma discussão complicada; afinal, não dá para condenar uma pessoa a não ser que todo o juri concorde. O personagem de Henry Fonda tenta convencer todos os outros jurados a repensarem suas sentenças, e isso acaba desenrolando uma análise pessoal sobre os próprios preconceitos de cada um dos jurados, fatos que os levaram a condenar o homem sem pestanejar. As conversas vão além do caso tratado no filme, e passam a ser sobre a fé na humanidade, a chance de acreditar no próximo.

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A premissa do filme é simples, assim como o cenário limitado. Tais elementos só fazem o espectador prestar ainda mais atenção nos diálogos poderosos e nas interpretações memoráveis não só de Henry Fonda, como na do restante dos jurados. Todas as situações mais complicadas são criadas apenas por palavras ditas ali naquele momento, e o resto fica na imaginação do espectador. Além disso, elas provocam reflexões fortes sobre medo, hipocrisia, conceitos morais e culpa. É fenomenal o resultado que os diálogos trazem, uma vez que são conduzidos com muita força e minuciosidade pelo diretor.

12 Homens e Uma Sentença mostra como é fácil as pessoas se desligarem dos fatos e prestarem mais atenção aos seus próprios preconceitos. É uma verdadeira aula de cinema e um exemplo de como grandes diretores podem acertar de maneira brilhante em seu primeiro filme, além de mostrar que efeitos especiais e produções de altíssimo nível podem não chegar nem perto da grandiosidade de certas obras em preto e branco. Isso é algo que merece ser reconhecido.

Sidney Lumet eternizou um drama que, apesar da idade, pode ser visto e revisto e continuar tão atual como nunca. Atemporal: essa é a palavra para 12 Homens e Uma Sentença.

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“Podemos estar enganados. Podemos estar deixando um homem culpado livre. Eu não sei. Ninguém pode saber ao certo. Mas temos uma dúvida razoável, e isso é algo muito valioso em nosso sistema. Nenhum júri pode declarar um homem culpado, a menos que tenha certeza.”

Barbara Demerov