Crítica: Star Wars: Episódio VI – O Retorno de Jedi
The force is strong in my family. My father has it. I have it. My sister has it. You have that power, too.
A mitologia Star Wars e toda a emoção que ela leva consigo sempre me marcou muito. Um bom exemplo disso foi quando, anos atrás, entendi o verdadeiro sentido do título O Retorno de Jedi, em que a palavra Jedi não se tratava da ordem de guardiões em si, mas de apenas um deles: Anakin Skywalker, o escolhido cuja profecia dizia que era ele quem restauraria o equilíbrio da Força e destruiria os Sith. Para mim, toda a essência de Star Wars reside ali: na família Skywalker e na importância da união. Tudo o que vem depois, é fruto dessa base.
Tal essência estava para ser finalizada em 1983 (até o anúncio das prequels, é claro) e todos os fãs ainda estavam extasiados com o episódio anterior, O Império Contra-Ataca (1980), que continua até hoje sendo considerado como um dos melhores capítulos da saga intergalática. O favorito de muitos, e praticamente insuperável. Então, era mais do que lógico que a pressão para o Episódio VI estivesse grande por parte dos fãs e da própria equipe. É certo dizer que muitos fãs saíram um tanto desapontados, mas o nível e classe de O Retorno de Jedi condiz e muito com seu antecessor, tanto por possuir um roteiro bem estruturado como por dar uma conclusão digna a todos os queridos personagens. Os planos abertos em diferentes pontos da galáxia demonstram a vastidão daquele universo tão incrível, e até hoje podem surpreender por ter uma qualidade técnica acima da média, com tantos cenários e efeitos impecáveis (principalmente para aquela época).
No filme, podemos ver um Luke Skywalker mais maduro, centrado e um tanto quanto sombrio do que nas aventuras anteriores, e isso já é explícito na sequência inicial, onde o vemos com mantos negros à caminho de salvar Han Solo, que havia sido congelado em carbonita no Episódio V. Os resquícios do episódio anterior são bem fortes na primeira parte do filme justamente pela conclusão do arco de Han Solo com o vilão Jabba, o que conecta os filmes de uma maneira bem interessante. Após a missão ser concluída e Jabba ser morto por Leia, Luke mantém o foco em seu pai, Darth Vader, e se aproxima ainda mais da Força graças aos ensinamentos de Mestre Yoda. Quando o Império se esforça em construir uma nova Estrela da Morte muito mais poderosa que a primeira, essa é a deixa para a luz enfrentar o lado negro pela última (?) vez.
Apesar de Luke ser abordado de maneira mais sombria, o filme tem um clima bem humorado, com a aventura sendo a base para tudo. Han Solo e Leia estão muito à vontade em seus papéis e trazem a dose de romance perfeita para o filme. Personagens mais exóticos, como os Ewoks, também nos são apresentados e se encaixam bem na trama (por mais que não sejam bem vistos aos olhos de alguns fãs). Eles não servem apenas como a base da batalha final, no planeta Endor, como também promovem um alívio cômico que não soa forçado, apesar de darem uma aura mais leve durante uma guerra que é bem séria (afinal, estamos vendo o fim do Império!). E, falando em humor, C3PO E R2-D2, novamente, são um dos melhores elementos da história, com um humor sempre pontual que não perde a graça.
Na narrativa principal, há inúmeras cenas e diálogos fantásticos – principalmente entre Luke e Leia quando ela “descobre” que eles são irmãos, e entre Luke e Yoda, no planeta Dagobah. É difícil não se emocionar nos momentos finais do pequeno mestre de 900 anos, quando ele explica que, a partir de sua morte, Luke será o último Jedi da galáxia. O fardo do filho de Darth Vader era imenso e, mesmo assim, ele conseguiu enfrentar tudo com a Força ao seu lado. Quando chega a hora do duelo entre o Imperador, Vader e Luke perto da conclusão em Endor, os diálogos entre pai e filho são extremamente convincentes, tão bem escritos que chegam a causar grande tensão. As cenas de luta são bem coordenadas e possivelmente são uma das melhores coisas da trilogia clássica. E assim como a tensão toma conta, a emoção também possui grande espaço, afinal, a cena em que Luke (Mark Hamill) remove o capacete de seu pai (Sebastian Shaw) para terem, enfim, um único diálogo face a face entre pai e filho, é digna de trazer lágrimas aos olhos sem o mínimo esforço, assim como quando, perto dos créditos finais, Anakin, Obi-Wan Kenobi e Yoda fazem uma belíssima aparição para Luke quando tudo está em seu devido lugar. Essa cena já provocou polêmicas quando o intérprete de Anakin foi modificado por Hayden Christensen, mas ao menos para mim, o efeito continua sendo o mesmo.
Neste capítulo que encerra a trilogia clássica, vemos Darth Vader retornar ao seu verdadeiro eu, Anakin Skywalker, mesmo dizendo que era muito tarde para isso. Ao fim de tudo, ele provou que ele era, de fato, o escolhido. E Star Wars prova que a Luz é realmente mais forte que o Lado Negro, que o amor é capaz de fazer milagres, e que a família, sem dúvidas, é a porta de entrada para isso.
O diretor Richard Marquand fez um ótimo trabalho e concluiu a história com mérito, respeito e força suficientes para tornar O Retorno de Jedi uma obra inesquecível, com toda a alma que compõe este universo tão amado pelos fãs.
FICHA TÉCNICA
Direção: Richard Marquand
Roteiro: George Lucas, Lawrence Kasdan
Elenco: Alec Guinness, Anthony Daniels, Carrie Fisher, Harrison Ford, Ian McDiarmid, Mark Hamill, Maureen Charlton, Mercedes Ngoh, Michael Carter, Michael Gilden, Michael Henbury Ballan, Michael Pennington, Mike Cottrell, Mike Edmonds, Nancy MacLean, Nicholas Read, Nicki Reade, Pam Grizz, Pamela Betts, Paul Grant, Peter Burroughs, Peter Mandell, Peter Mayhew, Phil Fondacaro, Pip Miller, Ray Armstrong, Richard Jones, Ronnie Phillips, Sadie Corre, Sal Fondacaro, Sarah Bennett, Sebastian Shaw.
Produção: George Lucas, Howard G. Kazanjian, Rick McCallum
Fotografia: Alan Hume
Montador: Duwayne Dunham, Marcia Lucas, Sean Barton
Trilha Sonora: John Williams
Duração: 133 min.
Ano: 1983