Teus Olhos Meus e a poesia cinematográfica
Por Lucas Walderez
Quem acompanha de perto, sabe que o cinema brasileiro é rico em obras fantásticas. Desde o humor de O Auto da Compadecida, até a ação de Tropa de Elite. Mas um pouco mais a fundo, adentrando a parte menos exposta do cinema nacional, existem obras fantásticas repletas de roteiros incríveis e personagens esplêndidos. Em Teus Olhos Meus, filme dirigido por Caio Sóh, encontra-se ambas as coisas. A estória é genial e os personagens têm características extremamente marcantes.
Gil é um rapaz de 20 anos, órfão, criado por sua tia Leila e por seu tio César. Com o sonho de ser músico profissional e dono de uma vida boêmia, Gil começa a ter problemas com seu tio César, que não aceita o estilo de vida do rapaz. Gil se vê, então, obrigado a sair de casa.
Ao mesmo tempo em que Gil sai de casa, é apresentado o personagem de Otávio, que é produtor musical, e casado com Carlos. Estes também têm uma briga, por conta do ciúme de Carlos ao assistir um filme caseiro antigo de Otávio com sua namorada de 20 anos atrás. Otávio se irrita, sai para espairecer, e acaba encontrando Gil, em um bar, em frente à praia.
Neste bar, entre cigarros e doses de vodca, Gil toca suas músicas em seu violão e chama a atenção de Otávio, que o convida para beber. Entre mais doses de bebida, cigarros e o ombro amigo que ambos precisavam, Gil e Otávio se beijam. Além da confusão que incide sua vida, Gil começa a ter dúvidas sobre si mesmo. Sobre sua sexualidade.
Após muito relutar, e precisar da ajuda de Otávio, que lhe dá um emprego e lhe oferece moradia, Gil acaba entendendo e aceitando o amor que sente por Otávio. Este, que por sua vez, apaixona-se imensamente pelo rapaz, e deixa de lado seu casamento com Carlos. Gil e Otávio passam a viver como um casal, trabalhando e morando juntos, então Gil decide apresentá-lo à sua tia Leila. Cria-se, então, o maior embate da vida de Gil: a aceitação de sua tia Leila para com seu relacionamento com Otávio.
Com o retrato de inúmeras confusões pessoais, Teus Olhos Meus é uma das mais brilhantes obras do cinema brasileiro. Com um elenco recheado de grandes atores e atrizes como Emilio Dantas, Paloma Duarte, Roberto Bomtempo, Jayme Matarazzo, Cláudio Lins, Graziella Schmitt e Juliana Lohmann, diálogos poéticos e filosóficos dignos de Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade, um roteiro com um dos desfechos mais impressionantes e inquietantes da história do cinema, uma captação de cenas utilizando shaky cam, para captar a pouca sobriedade, e a confusão em que estão imersos os principais personagens, esse filme é a prova da grandeza e da beleza do cinema brasileiro. Teus Olhos Meus é a poesia cinematográfica.
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