Um diretor e um filme: Sofia Coppola
Por Aline Silva
Nascida da realeza de Hollywood, Sofia Coppola parece ter sido desde o início destinada à carreira no cinema. Porém, a diretora, roteirista, produtora, designer e fotógrafa, conseguiu fazer o próprio nome na indústria cinematográfica e se tornar uma das mulheres mais importantes da sétima arte.
Algumas semanas depois de seu nascimento, Sofia já teve sua primeira contribuição nos cinemas em O Poderoso Chefão (1972), dirigido por seu pai, Francis Ford Coppola (apenas).
Em 1989, chamou atenção ao co-roteirizar, junto do pai, Life with Zoe, um dos episódios de Contos de Nova York.
Mais tarde faria Mary Corleone em O Poderoso Chefão: Parte III (1990), onde Sofia não recebeu boas críticas por sua atuação. Resolveu, então, ir para outros caminhos artísticos: entrou para o Instituto de Artes da Califórnia, surgindo então seu interesse por fotografia, figurino, videoclipes e curtas em vídeo.
Em 1998, Sofia escreveu, dirigiu e produziu seu primeiro filme, um curta-metragem em preto e branco chamado Lick the Star. Pela primeira vez teve total controle criativo em um projeto e percebeu que era exatamente aquilo que ela queria fazer.
Assim começou a carreira de Sofia, com seu olhar intimista, retratando mulheres (em sua maioria, jovens) descobrindo o próprio caminho.
Um ano depois (1999), baseado no romance As Virgens Suicidas, escrito por Jeffrey Eugenides, Sofia roteiriza e dirige um filme de mesmo nome, que teve no elenco Kathleen Turner, Kirsten Dunst, Josh Hartnett e Danny De Vito. Sofia reaparece diante da crítica, porém vista com outros olhos – uma jovem diretora com um grande potencial a ser explorado.
Em 2006 e mais uma vez com a atuação de Kirsten Dunst, Sofia dirige e roteiriza Marie Antoinette, sobre a vida da última rainha da França, Maria Antonieta. Sofia baseou-se em um livro biográfico de Antonia Fraser, que segundo a cineasta, continha uma descrição mais humana de Maria Antonieta. O figurino, impecável, levou o Oscar da categoria.
Um Lugar Qualquer (2010) estreou no Festival de Veneza, vencendo o Leão de Ouro de Melhor Filme. Novamente, o roteiro é de Sofia e explora o tédio entre as estrelas de Hollywood, as relações entre pai (Stephen Dorff) e filha (Elle Fanning) na indústria do entretenimento.
Inspirada por um artigo da revista, Vanity Fair, escrito por Nancy Jo Sales intitulado Os Suspeitos Usam Louboutins, o filme Bling Ring: A Gangue de Hollywood foi lançado em 2013. Sofia Coppola mais uma vez questiona o mundo dos adolescentes fascinados pelos reality shows e pelo culto às celebridades dos tabloides. A jovem protagonista da vez foi Emma Watson, que recebeu críticas aclamadas por seu papel.
O filme escolhido do Um Diretor e Um filme de Sofia Coppola só poderia ser Encontros e Desencontros (2003). Após o sucesso de As Virgens Suicidas, Sofia se mudou para Tokyo para escrever seu próximo trabalho. Com direção, roteiro e produção de Sofia, Encontros e Desencontros é um filme elegante e sensível ao contar a história de dois americanos com vidas infelizes que se conhecem no Japão. Um ator de meia-idade e melancólico chamado Bob Harris (Bill Murray), que foi ao Japão gravar um comercial de whiskey, encontra no bar do hotel Charlotte (Scarlett Johansson), uma jovem casada com um fotógrafo que passa os dias trabalhando fora. Os dois, em diferentes pontos de suas vidas, atravessam uma mesma crise, inseguros sobre quem são e qual o lugar deles no mundo. Eles decidem curtir juntos a cidade de Tokyo e desenvolvem uma delicada relação de amizade e compreensão.
O filme não possui ação ou efeitos especiais, somente duas pessoas que se conectam, e é brilhantemente executado no melhor estilo Sofia Coppola.
Com Encontros e Desencontros, Sofia fez história no Oscar em 2004, ao ser a primeira mulher americana à concorrer como Melhor Diretora (porém, perdeu para Peter Jackson em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei) e acabou vencendo o prêmio de Melhor Roteiro Original. Logo no segundo longa-metragem de sua carreira, Sofia consegue a reputação de uma respeitada cineasta. Todos os anos observando, experimentando e pesquisando, finalmente valeram à pena.
Um comentário em “Um diretor e um filme: Sofia Coppola”
Comentários estão encerrado.