Crítica: Babylon Berlin
Nova série de Tom Tykwer, Babylon Berlin pode muito bem se tornar um fenômeno, caso tenha a distribuição que merece.
Esta série faz parte da programação oficial da 41ªMostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Quando se fala em Sense8, muito se pensa nas duas visionárias que são as irmãs Wachowski. No entanto, também deve-se recordar do nome de Tom Tykwer, que além de produzir o seriado, contribuiu para a assinatura visual deste, dirigindo também alguns episódios. Tykwer, mais conhecido pelo clássico moderno Corra Lola Corra, está enfim de volta à televisão, com sua ambiciosa série Babylon Berlin. Ao que os dois primeiros capítulos indicam, pode ser um dos próximos grandes fenômenos televisivos.
A história, ambientada na Berlim de 1929, é complexa como uma teia de aranha, mas acompanhamos principalmente o detetive Gereon Rath (Volker Bruch), que sofre de stress pós-traumático após a guerra e, junto ao parceiro Bruno Wolter (Peter Kurth), depara-se com uma intimidadora conspiração, que aos olhos do público está claramente relacionada com o levante no nazismo. Temos diversos outros personagens, entre eles se destacando a jovem Charlotte (Liv Lisa Fries), que trabalha como escrivã do departamento de polícia e também se envolve com o submundo criminoso, na sua própria maneira. Como demonstrado em Sense8 e o épico A Viagem (co-dirigido com as Wachowski), Tykwer sabe muito bem como juntar um vasto elenco e conferi-lo coesão, manifestada através da excelente montagem.
Primeiramente, admito torcer o nariz para a premissa de mais outra obra com foco na temática do nazismo. Felizmente me surpreendi com a pegada enérgica e até, em alguns momentos, despojada que Tykwer traz à história, que tem uma atmosfera fantasiosa. Aura essa que é construída nos invejáveis valores de produção, da fotografia à direção de arte à trilha: tudo no maior esmero, fazendo valer a experiência de ter conferido em uma sala de cinema.
E de volta ao elenco: Bruch e Kurth caem como uma luva nos papéis de bom tira, mau tira, enquanto também humanizam seus personagens com atuações maduras. Fries, por sua vez, tem tudo para estourar, com carisma (e elegância) de sobra. A mais marcante entre todos, ainda assim, é a lituana Severija Janusauskaite, que brilha como a incógnita que é sua antagonista, encabeçando um momento musical delirante que desafia as expectativas do público quanto a elas (a personagem e a série).
Adquirida pela Netflix no território norte-americano, torço para que Babylon Berlin receba a distribuição merecida aqui no Brasil, de maneira que atinja o máximo de espectadores e reforce a capacidade que Tom Tykwer tem de hipnotizar o público. Aí está um cara que sabe unir estilo e substância, ou melhor, faz os dois parecerem indistinguíveis.
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