42ª Mostra – Crítica: Operação Overlord

42ª Mostra – Crítica: Operação Overlord

Fogo cruzado com zumbis nazistas

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A Segunda Guerra Mundial continua sendo território fértil para Hollywood. Operação Overlord adiciona agora uma trama de zumbis a este cenário recorrente. No filme, as criaturas fazem parte do chamado Exército de Mil Anos, uma experiência genética promovida pelos nazistas que dá superpoderes aos mortos e transforma a produção em uma espécie de mistura de O Resgate do Soldado Ryan com The Walking Dead.

Sem se prolongar em explicações, a ação começa com um grupo de soldados norte-americanos sobrevoando a França, às vésperas do Dia D. Sua missão é destruir uma torre essencial para os aliados de Hitler. O avião do grupo é alvejado, dando início às baixas, que não serão poucas dali em diante. Mortes se sucedem na tela, mostrando o quão descartável é a vida humana em tempos de conflito armado.

No entanto, Operação Overlord não é de todo uma obra belicista. Seu protagonista, Boyce (Jovan Adepo, de Um Limite Entre Nós), é um soldado cujo temperamento pacífico o destaca em relação aos demais. Ele tem a reputação de não ser capaz sequer de matar um rato, e quem prestar atenção em seus movimentos vai reparar que ele raramente dispara sua arma, só em caso de extrema necessidade. Foi-se a época em que o herói neste tipo de filme era uma máquina de matar.

Seguindo a cartilha dos novos tempos, há também uma mulher entre as protagonistas, algo também incomum no gênero. Vivida por Mathilde Ollivier, Chloe é uma personagem que parte para o fogo cruzado e vai além do estereótipo de donzela indefesa.

Como se trata de um blockbuster, Operação Overlord tem um desfile de efeitos especiais e sequências movimentadas, oferecimento do diretor Julius Avery e do produtor J. J. Abrams. Nenhuma delas é muito original, mas seguram o andamento de forma eficiente. Há sangue, corpos mutilados e desfigurados, mas tudo de forma cartunesca, como que para aliviar seu peso.

No final das contas,  é aquele tipo de entretenimento honesto e até despretensioso, escapismo puro. Cinema também é feito disso, afinal.

Diego Olivares

Crítico de cinema, roteirista e diretor. Pós-graduado em Jornalismo Cultural. Além do Cinematecando, é colunista do Yahoo! Brasil