5 grandes atuações por atores e atrizes não profissionais
A vida pode ser uma escola de atores e atrizes
Para a lista de hoje, fiquei com sérias dúvidas. Falaria sobre tubarões, na ocasião da estreia de Medo Profundo? Ou falaria de não-atores, por causa do novo filme de Clint Eastwood, 15:17 – Trem para Paris? Pensei a princípio em juntar os dois, fazendo uma lista de melhores tubarões do cinema que não são atores. No entanto, isso já era implícito, afinal ninguém contrata tubarões em Hollywood. Brincadeiras à parte, confira abaixo 5 atuações de peso entregues por atores e atrizes não profissionais (humanos, é claro).
Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor, Tangerine
Recrutadas pelo o diretor Sean Baker (Projeto Flórida), as atrizes trans Kitana Rodriguez e Mya Taylor são donas de um carisma natural reluzente, o que com certeza se reflete no comovente e divertido Tangerine. A natureza irreverente do filme, captado em dois iPhones 5s, então cai como uma luva, dando às duas o espaço para construir personagens únicas e uma das mais tocantes amizades vistas no cinema em anos recentes. Torço para que Rodriguez e Taylor voltem à sétima arte.
François Bégaudeau, Entre os Muros da Escola
Além de ganhar a Palma de Ouro em Cannes, este drama do diretor Laurent Cantet (A Trama) retrata a vida dentro de uma escola pública na França, e para atingir o máximo de verossimilhança, Cantet chamou o professor François Bégaudeau para ser não só um de seus roteiristas, mas também o protagonista de seu longa. O resultado é simplesmente formidável, pois Bégaudeau traz uma sinceridade incomum nas suas interações com o grande elenco de alunos. Falando nisso, o jovem elenco de Entre os Muros da Escola poderia ganhar uma lista só pra eles.
Alex Hibbert, Moonlight – Sob a Luz do Luar
Uma das maiores injustiças do Oscar 2017 foi deixar este ator-mirim de fora das indicações de Moonlight. Com uma interpretação incomumente madura para sua idade, Alex Hibbert constrói com sutileza a fase mais delicada da vida do protagonista Chiron, que ainda não sabe que é gay. Fora a questão da sexualidade, ainda há uma rica interação com o traficante Juan, que leva a alguns dos momentos mais entristecedores do longa, nos quais Hibbert também demontra eficiência e postura ao se segurar frente a um ator do calibre de Mahershala Ali. Pisquem e o perderão em Pantera Negra!
Leandro Firmino, Cidade de Deus
Não é possível montar uma lista de atores não-profissionais e deixar de fora o icônico Leandro Firmino, eternizado pelo papel de Dadinho/Zé Pequeno. Dono de algumas das cenas e falas mais memoráveis do cinema nacional (“Dadinho é o c@#$lho!”), Firmino, que pretendia ser militar, fez parte do premiado filme de Fernando Meirelles após a indicação de um amigo. Infelizmente é um dos poucos do elenco a não cair no ostracismo, algo que gerou questionamentos sobre o método de casting em uma futura série baseada no filme. Como meio de contemplar jovens aspirantes da periferia, Firmino ministra oficinas de interpretação.