Crítica: Tudo Que Quero

Crítica: Tudo Que Quero

Dakota Fanning interpreta jovem autista em interessante mistura de road movie com aventura dramática – e uma pitada feel-good

Ainda não se sabe ao certo como alguns filmes conseguem ser diretos em sua mensagem, simples em sua realização, mas tão tocante em seu tratamento. Seria reducionista demais dizer que alguns filmes conseguem isso apenas por desenvolver um protagonista com uma desvantagem (física ou mental) e o colocar em situações desfavoráveis. Isso tem grande porcentagem no nível de identificação do espectador, que passa a se projetar nas aventuras vividas pelo personagem com vontade (criando uma forte presença do medo do protagonista não alcançar seu objetivo e da esperança do contrário), mas não é certo diminuir uma obra toda a isso. Há, sim, outros méritos a se considerar que fazem toda a diferença em um filme como este: direção, escolha da trilha sonora, e principalmente a interpretação do ator principal. Em Tudo Que Quero, podemos saudar todos esses elementos.

Wendy (Dakota Fanning), uma jovem portadora de autismo, consegue driblar sua cuidadora Scottie (Toni Collette) e escapa com um único objetivo em mente: chegar a Los Angeles e entregar seu roteiro para concorrer em uma competição de escrita sobre Star Trek. Wendy nunca conheceu sua sobrinha (que ainda é bebê), e seu relacionamento com sua irmã Audrey (Alice Eve) não é dos melhores. Em sua jornada, Wendy encontra diversos obstáculos pelo caminho, e descobre que sua busca vai muito além de uma simples entrega de roteiro, uma vez que a jovem anseia por liberdade e reconhecimento.

Com auxílio do autismo, o roteiro nos gera rapidamente uma grande identificação com Wendy. E por o filme ser sobre alguém correndo atrás de seu sonho, o objetivo da protagonista é muito bem transmitido e absorvido pelo espectador, que passa a torcer pelo sucesso de Wendy em todos as cenas, se emocionando com sua coragem e determinação. Os personagens secundários são desenvolvidos apenas em prol da história principal (sem aprofundamento nas suas vidas particulares), mas geram suficiente empatia no público.

Brindemos à ótima atuação de Dakota Fanning interpretando uma garota autista, que ao mesmo tempo que transmite as dificuldades passadas por sua personagem, consegue também irradiar os anseios de qualquer jovem em busca de seus sonhos. Toni Collette e Alice Eve não ficam tão atrás, entregando boas interpretações para suas personagens. Collette se mostra uma mulher espontânea e contagiante, disposta a encontrar Wendy a todos os custos. Já Eve, se contém em um papel mais dramático, uma irmã que carrega consigo a culpa de não conseguir cuidar de sua irmã mais nova após o falecimento de sua mãe.

Tudo Que Quero é uma história universal sobre não desistir, seguir em frente e ir contra todos os obstáculos, almejando a realização pessoal. O tipo de filme que não se torna inesquecível, mas que pode agradar qualquer um a qualquer hora, desde que o espectador esteja apto a se jogar nessa história e se projetar nas dificuldades e ambições da protagonista.

FICHA TÉCNICA
Direção:
Ben Lewin
Roteiro: Michael Golamco
Elenco: Dakota Fanning, Alice Eve, Toni Collette, River Alexander, Tony Revolori, Jessica Rothe,
Produção: Lara Alameddine, Daniel Dubiecki
Fotografia: Geoffrey Simpson
Gênero:
Aventura / Drama
Duração: 93 min.

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.