Crítica: Pequeno Segredo

A família Schurmann ficou conhecida por navegar pelo mundo inteiro durante dez anos, 30 anos atrás. Baseado no livro homônimo escrito por Heloísa Schurmann, a mãe da família, o filme Pequeno Segredo conta uma versão mais íntima da história do que a apresentada anteriormente ao grande público. Mas o foco não é os anos no mar – embora cenas recorrentes da obra nos lembrem sempre dessa relação da família com a água -, mas sim, a história da filha mais nova, Kat, adotada na década de 1990; mas quem dera que fosse esse o pequeno segredo que a família guarda.

Dirigido por David Schurmann, irmão de Kat, o filme traz um elenco poderoso e interpretações impecáveis, com destaque para Julia Lemmertz e Mariana Goulart. Embora a trama seja pesada e dramática, ela é apresentada ao espectador de maneira delicada e emotiva, buscando cativar quem assiste e tocá-lo ao final da história.

O tal pequeno segredo que a história promete não é tão segredo para quem se lembra da história real ou mesmo prestou atenção nos acontecimentos do filme. E é esse o pecado cometido pelo roteiro: não inovar ou surpreender, pois todas as reviravoltas apresentadas são previsíveis.

Mesmo com seus defeitos, o filme tem um ritmo atraente e trata de maneira leve assuntos pertinentes, além da bela relação familiar que existe entre os Schurmann. Muitos podem achar que a obra relata a vida de Kat, mas eu tive certeza que acima de tudo é um filme sobre o amor em suas formas mais puras.

Pequeno Segredo foi filme escolhido para representar o Brasil na disputa por uma indicação ao Oscar 2017, o que revoltou muitas pessoas que achavam que Aquarius merecia a vaga. Que tal, antes de tomar partido de um filme ou outro, assistir a todos os títulos que concorriam a essa indicação e, assim, valorizar o cinema brasileiro? Acho que não vão se arrepender.

FICHA TÉCNICA
Direção: David Schurmann
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco: Júlia Lemmertz, Marcello Antony, Maria Flor, Erroll Shand, Fionnula Flanagan, Mariana Goulart