Crítica: Holocausto Brasileiro

Crítica: Holocausto Brasileiro

No dia 20 de novembro, às 21h, estreia com exclusividade no canal MAX a mais nova produção nacional realizada pela HBO Latin America: o documentário Holocausto Brasileiro, baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, que expõe a triste realidade do século passado do hospital Colônia, situado em Barbacena, Minas Gerais. O local começou sua história como um spa, se tornou hospital, então manicômio e, por fim, um depósito de pessoas indesejáveis na sociedade da época.

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O documentário é dirigido pela autora do livro, o que faz com que ele não perca seu caráter jornalístico e investigativo nem mesmo em seus momentos mais emocionantes e revoltantes, que não são poucos. Esta produção veio para complementar tudo de chocante que já foi contado no livro e mostrar acontecimentos derivados do lançamento da obra escrita, como, por exemplo, pessoas que encontraram familiares desaparecidos nas páginas do livro e entraram em contato com Daniela Arbex para tentarem conhecer um pedaço das histórias de suas vidas que foram arrancadas deles sem que eles percebessem.

As entrevistas com as crianças sobreviventes do hospital Colônia nos fazem questionar “que mundo é esse em que vivemos onde crianças doentes ou deficientes são tratadas como criminosas e toda uma sociedade acha isso normal? ”. Os reencontros entre os filhos das prisioneiras e as histórias de suas mães é, sem dúvidas, a prova de como toda essa organização estava errada. As entrevistas com os ex-funcionários do hospital são revoltantes, pois são pessoas que abusaram e lucraram em cima de seres que já tinham perdido sua dignidade e condição humana, tratando tudo com naturalidade e falando que seus feitos eram para o bem dos internos.

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Algumas pessoas podem achar que o nome Holocausto Brasileiro é pesado demais, uma analogia macabra a uma das épocas mais obscuras do século XX, mas não é. Durante os anos de funcionamento do hospital Colônia, 60 mil pessoas morreram lá, sendo que no período de lotação máxima eram constatadas em média 16 mortes por dia e os corpos eram vendidos para universidades de medicina para trazer lucro para a administração do hospital, que era apoiado pelo governo federal.

Este documentário claramente não é o mais fácil e agradável de ser assistido, mas é o mais necessário neste momento da sociedade, onde toda diferença é vista como defeito e características higienistas voltam a surgir. Precisamos dessa produção para conhecer a história e para não deixarmos que ela volte a se repetir.

FICHA TÉCNICA
Direção: Daniela Arbex e Armando Mendz
Roteiro: Daniela Arbex
Produção: Roberto Rios, Maria Angela de Jesus, Paula Belchior, Patricia Carvalho, Alessandro Arbex e Daniela Arbex
Duração: 90 minutos

Giovanna Arruda