Coletiva com Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes e do documentário Lumière!

Coletiva com Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes e do documentário Lumière!

Thierry Frémaux veio ao Brasil para falar de seu primeiro documentário, no qual redescobre o gênio dos irmãos Lumière

“Hoje vemos filmes, mas não olhamos”, disse Thierry Frémaux, realizador do documentário Lumiére! A Aventura Começa, em momento da coletiva de imprensa que se deu hoje, 1º de Dezembro, na Reserva Cultural. Muito do que foi discutido está diretamente relacionado ao olhar.


Influências Duradouras

Foto: Caio Lopes / Cinematecando

Frémaux, 57, é diretor do Instituto Lumière, que preservou centenas de filmes executados pelos irmãos de mesmo nome, responsáveis pela invenção do cinematógrafo, ou seja, a primeira câmera a captar imagens em movimento. O francês logo começou com o argumento de que Louis Lumière, responsável pela direção dos filmes, foi tanto inventor quanto cineasta, desenvolvendo uma linguagem ao longo de seus curtos filmes, inclusive se aventurando com ficções, a mais ilustre delas sendo a comédia O Regador Regado.

Outro ponto interessante de Frémaux surge da seguinte frase: “o melhor crítico de cinema é o tempo”. O tempo, segundo ele, permitiu a redescoberta de gênios como os Lumière, cujas influências vão além das sentidas em seu tempo, muitas até hoje firmes e fortes na linguagem cinematográfica. Também se comparou o trabalho artístico de Louis Lumière aos feitos de Georges Méliès: segundo Frémaux, Lumière retratou o mundo tal como ele era, enquanto Méliès fez a mesma coisa, mas acrescentando poesia.


Restaurações futuras

Foto: Caio Lopes / Cinematecando

Os desafios de restaurar filmes que datam desde 1895 incluem encontrar o verdadeiro preto & branco e acertar a taxa de quadros, que variava de material para material. No documentário que será lançado, foram selecionados 108 filmes de 50 segundos cada, e apesar do grande número, Frémaux ainda planeja restaurar outros 300 para uma possível continuação. Dada a variedade de temas apontados na coletiva, há ainda muito o que cobrir na história dos Lumière, principalmente Louis. O entrevistado inclusive constatou que, assim como este inventou filmes bons e outras maravilhas, também inventou os filmes ruins. Isso certamente atiça a curiosidade para uma coletânea futura.


As Crises do Cinema

Foto: Caio Lopes / Cinematecando

Foi também brevemente discutido o estado atual do cinema. Em um apontamento provocador, Frémaux, que dirige o importante Festival de Cannes, diz ter presenciado muitas crises do cinema, e que este está prestes a sofrer mais outra, iminente. Mas, com otimismo, também se disse seguro de que tal colapso será, como os outros que precedem, superado pela arte e artistas. Cheguei a perguntar sobre a atualmente tão discutida banalização da câmera e da falta de rigor estético na composição de filmes, além de como o cinema contemporâneo poderia reaprender com as conquistas dos Lumière, ao que Frémaux replicou que: devem sim aprender com os irmãos, assim como o cinema deveria aprender com todos seus autores, entre eles David Lynch, capazes de formar imagens que geram sentimentos.


Lumière! A Aventura Começa estreia nos cinemas em 14 de Dezembro. Confira nossa crítica em breve!

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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