Crítica: Creed – Nascido para Lutar

Crítica: Creed – Nascido para Lutar

Se Rocky Balboa (2006) serviu para mostrar como e onde Rocky se encontrava nos anos que se passaram desde o quinto filme da franquia, Creed (2015) se desempenhou para mostrar até onde ele pode chegar depois de sua carreira como boxeador. E mais: se o filme de 2006 foi considerado na época como o fim da grande história de Rocky, o novo capítulo da franquia já possuía um desafio enorme desde o seu anúncio: o de honrar a trajetória que foi construída ao longo de 40 anos. Felizmente, o diretor e roteirista Ryan Coogler conseguiu honrar o legado.

De um lado, temos Adonis Johnson (o ótimo Michael B. Jordan) em Los Angeles, que pode ter optado por não usar o sobrenome de seu pai, Apollo “O Doutrinador” Creed, mas carrega no sangue o espírito de lutador. Do outro, está Rocky Balboa (Sylvester Stallone) na Philadelphia, cuidando de seu restaurante e vivendo uma vida pacata após a aposentadoria. Quando Adonis decide se afastar da vida de luxo em L.A., inclusive de sua mãe adotiva (Mary Anne, viúva de Apollo), ele vai atrás do aprendizado que só aquele que venceu seu pai pode lhe dar. Rocky Balboa acaba se tornando uma figura paterna para o jovem lutador, que de certa forma é uma mistura de Apollo com o próprio Garanhão Italiano. Questões sensíveis como a velhice e o legado são tratadas com um olhar digno, inserindo este sétimo filme de maneira muito positiva na saga como um todo.

A interação entre Rocky e Adonis é fantástica. Stallone nasceu para ser Rocky, isso é um fato. Em Creed, ele entrega uma atuação memorável, demonstrando muita emoção ao travar suas lutas pessoais. E o talentoso Jordan dá vida ao seu personagem de forma primorosa e carismática. Outro destaque do elenco é para Tessa Thompson, que interpreta Bianca, vizinha de Adonis.

Ryan Coogler construiu, de maneira respeitosa, um filme que possui uma narrativa dinâmica e que é muito singular visualmente. Os planos sequência a partir da perspectiva dos boxeadores são um colírio para olhos, trazendo ainda mais emoção às lutas e demonstrando um trabalho muito dedicado na direção – claro, com a ajuda de seu elenco inspirado. Elementos chave como as menções de alguns personagens antigos (e especiais), diálogos excelentes, detalhes nos ambientes e, é claro, a trilha sonora, compõem esse filme feito com paixão e coragem. O humor também merece destaque, já que é muito bem colocado sempre na hora certa. O roteiro se assemelha bastante com o deRocky: Um Lutador (1976), com um boxeador novato que quer uma chance para provar seu talento lutando com o atual campeão mundial.

Certas cenas emocionam, e muito. É fácil, bem fácil na verdade, se recordar de momentos eternizados nos episódios anteriores. Rocky sustenta o filme, é o coração de tudo, enquanto Adonis traz uma perspectiva diferente. Creed: Nascido para Lutar homenageia os filmes anteriores e dá um novo rumo para a franquia. É moderno, mas não a ponto de apagar o passado.

FICHA TÉCNICA
Direção e Roteiro: Ryan Coogler
Elenco: Sylvester Stallone, Michael B. Jordan, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Andre Ward, Tony Bellew, Ritchie Coster, Jacob Duran, Graham McTavish
Produção: Robert Chartoff, William Chartoff, Sylvester Stallone, Kevin King Templeton, David Winkler, Irwin Winkler, Charles Winkler

Barbara Demerov

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