Um diretor e um filme: Clint Eastwood

Um diretor e um filme: Clint Eastwood

Clint Eastwood é uma das personalidades mais talentosas e respeitadas de Hollywood, seja atuando, dirigindo, compondo ou produzindo seus filmes (ele até chegou a fazer essas quatro coisas ao mesmo tempo em alguns trabalhos). Começou sua carreira como ator em meados dos anos 60, conquistando seus fãs na pele do Homem sem Nome, personagem que fez parte da Trilogia dos Dólares do diretor italiano Sergio Leone (1929-1989). Clint fez sua primeira aparição como o Pistoleiro em Por Um Punhado de Dólares (1964). Misterioso, sempre vestindo um poncho, o anti-heroi rápido no gatilho falava mansinho e tinha olhos azuis que estavam sempre muito atentos, no maior arquétipo de cowboy estadunidense. Completando a trilogia, esteve em Por uns Dólares a Mais (1965) e na obra-prima Três Homens em Conflito (1966), que o tornou conhecido mundialmente.

Após o fim da trilogia western, o vencedor de quatro Oscars (dois de Melhor Diretor e dois de Melhor Filme) tomou seu rumo para os filmes de ação. Em 1968, contracenou ao lado de Richard Burton em Desafios das Águias e no filme policial de Don Siegel Meu Nome é Coogan. Em 1971, dirigiu e atuou em seu primeiro filme, chamado Perversa Paixão. No mesmo ano, interpretou pela primeira vez outro personagem consagrado pela crítica e fãs: Dirty Harry, um detetive que não mede esforços para fazer justiça com as próprias mãos. Na pele de Harry Callahan, Clint mostrou seu lado durão encarnando o personagem em cinco filmes entre 1971 e 1988.

Em 1973, voltou ao faroeste dirigindo o filme O Estranho Sem Nome, um marco na carreira do diretor. Em Alcatraz – Fuga Impossível (1979), trabalhou novamente com Don Siegel na história real de Frank Morris, um prisioneiro que conseguiu fugir da ilha de Alcatraz. Dirigiu Bronco Billy (1980), O Cavaleiro Solitário (1983), Bird (1988) e Coração de Caçador (1990) até chegar em outro filme dirigido e atuado por si mesmo com perfeição, novamente ambientado no Velho Oeste: Os Imperdoáveis (1992), vencedor de quatro Oscars.

A partir de 1995, com As Pontes de Madison, Clint iniciou uma série de filmes prestigiados mundialmente, focando mais na direção. Cowboys do Espaço (2000) é um de seus filmes mais divertidos, enquanto Sobre Meninos e Lobos (2003) trata sobre assassinato e investigação. O maior sucesso de sua carreira como diretor é Menina de Ouro (2005), comovente história sobre uma lutadora de boxe e a relação marcante com seu treinador, vivido por Eastwood.

Seus últimos nove filmes, Cartas de Iwo Jima (2006), A Conquista da Honra (2006), Gran Torino (2008), A Troca (2008), Invictus (2009), Além da Vida (2010), J. Edgar (2011), Jersey Boys (2014) e Sniper Americano (2014) são dramáticos, sendo a maioria deles baseados em fatos reais. Clint Eastwood prova, em sua filmografia, o quanto sabe conduzir filmes que abrangem o drama humano.

Depois dessa geral na lista de filmes do cineasta, é voltando ao ano de 1995 que se encontra o filme escolhido do Um Diretor e Um Filme de Clint Eastwood: As Pontes de Madison. É um filme singelo; e até ouso dizer que é um dos mais simples do diretor. A história envolve Francesca Johnson (Meryl Streep), uma proprietária rural do Iowa casada e com filhos, mas que não conhece nada do mundo. Certo dia, conhece Robert Kincaid (Eastwood), um fotógrafo da Nacional Geographic que, ao contrário dela, conhece muitas partes do planeta, mas não possui uma família. O filme é construído por flashbacks com os filhos de Francesca, já adultos, lendo um diário que a mãe escreveu sobre a breve eintensa história de amor que viveu com Robert.

As Pontes de Madison tem uma direção inspirada de Clint, sendo uma exceção em meio a tantos filmes de ação que já fez. É uma viagem sensível, mas que em nenhum momento se torna melodramática. As atuações de Meryl Streep e Eastwood são fortes e ambos conseguiram explorar muito bem os sentimentos e as lutas internas de seus respectivos personagens. Tais fatores, aliados com a composição cuidadosa do roteiro e diálogos, são mais do que suficientes para tornar essa obra um clássico inesquecível!

Barbara Demerov

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