Crítica: Escape Room 2 – Tensão Máxima

Crítica: Escape Room 2 – Tensão Máxima

A nova franquia Escape Room se apropria de um fenômeno interessante. Mesmo que o público não participe da dinâmica que se desenrola na tela, existe um fascínio pelo jogo alheio, uma atenção como nenhuma outra à solução de quebra-cabeças e a procura por pistas. Trata-se de algo similar ao que ocorre com o consumo de gameplays em plataformas como o Youtube e Twitch, nessa mesma disposição em acompanhar outra pessoa, conhecida ou não, se aventurando por mundos virtuais e entendendo suas regras.

Por isso o filme de 2019 foi um deleite para o público em busca de situações criativas e aparentemente impossíveis, como uma espécie de Jogos Mortais mais humanizado e preocupado com o valor de uma vida. Desde seus minutos iniciais, Escape Room iniciava o jogo com um razoável desenvolvimento de seus personagens, que ganhava corpo pelo restante da metragem através de flashbacks bem inseridos. Uma sequência então seria uma outra oportunidade de conhecer novos participantes do jogo e relacionar suas histórias às salas desbravadas. 

No entanto, Escape Room 2: Tensão Máxima não faz jus a seu título, sem a mesma integração das salas às histórias de fundo das personagens e uma falta de tensão em comparação com o primeiro filme, já que desta vez, além dos dois protagonistas, acompanhamos indivíduos superficialmente desenvolvidos. Por motivos que deixarei de expressar devido a spoilers, as salas agora não possuem relação alguma com as personagens que as enfrentam, sendo simples mecanismos de morte que devem ser superados com pistas vagas e pouco específicas.

A real estrela continua sendo o design de produção inventivo, porém este mesmo departamento deixa a desejar se comparado ao que foi visto no longa anterior. Há valor de produção de sobra, com pirotecnias e lasers, mas não existe a mesma relação entre estética e funcionalidade que tornava as salas do filme original em pequenas set pieces envolventes e coerentes. Por isso, não existe mais o mesmo fascínio em Tensão Máxima, além de que menos tempo é passado em cada sala, como se as pistas fossem mais simples ou pragmáticas para acelerar o ritmo da narrativa.

Talvez este pragmatismo se deva a um motivo que não revelarei aqui, mas que se faz presente para amarrar a sequência ao primeiro filme, oferecendo uma guinada que desfaz o impacto de uma das melhores cenas do original. Além disso, toda a resolução de Tensão Máxima se dá com facilidade demais, tornando sua reta final extremamente anticlimática e insatisfatória. Perde-se a oportunidade de realizar mais uma situação final em prol da possibilidade de uma continuação, embora o ponto de conclusão seja muito menos interessante do que o epílogo de seu precursor – que, por sinal, entrega o cliffhanger deste filme de maneira que denota um despreparo com a continuidade da franquia.

Escape Room 2: Tensão Máxima pode agradar os espectadores casuais em busca de uma experiência ágil e sem firulas, mas o lançamento consta como uma decepção para quem espera uma clara evolução quanto ao original, apressando a solução das salas para logo chegar a um desfecho de baixíssimo impacto, dada a decisão incompreensível de cortar um momento pelo qual todos aguardavam desde o epílogo do filme anterior, como um gameplay cuja transmissão foi cortada antes da hora. Para uma obra sobre nossa fixação com jogos, este filme não está muito disposto a brincar.

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.