Crítica: Extraordinário surpreende com adaptação fiel
Inspirado no livro homônimo escrito por R. J Palacio, filme emociona e dá lição sobre gentileza
Mergulhar na mente de uma criança não é algo necessariamente fácil ou leve. Principalmente quando a criança em questão é August Pullman, garoto que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma deformidade facial. Prestes a frequentar o primeiro dia de aula e ciente de que não é dono de uma beleza comum, Auggie, desde cedo, é obrigado a enfrentar situações terríveis como o bullying e o desprezo de algumas crianças. Mas o que a história faz, além de mostrar como o garoto tenta lidar com isso, é transformar cada momento em uma lição sobre gentileza, amizade e coragem.
Extraordinário já contava com uma boa fórmula. O livro escrito por R. J Palacio e publicado em 2012 tem uma narrativa espetacular, que mostra não só a visão de Auggie em relação aos acontecimentos, mas de todos os que estão ao seu redor. Mesmo assim, errar não era impossível. Como em qualquer adaptação de livro para o cinema, sabemos que divergências nem sempre agradáveis podem aparecer e capturar a sua essência era uma grande missão. Mas o trabalho de Stephen Chbosky é impecável em vários aspectos.
Começando pela escolha do elenco. Aos fãs do livro, a alegria foi gigante ao anunciarem Jacob Tremblay no papel do protagonista. O ator de 11 anos já havia feito um grande trabalho em O Quarto de Jack, e agora surpreende no papel de August Pullman por entregar um personagem tão adorável quanto o que conhecemos no livro. Julia Roberts também está incrível como Isabel, mãe de Auggie, atuando com extrema sensibilidade. Owen Wilson, no papel de Nate (pai de August), é um alívio cômico importante e muito equilibrado, enquanto a brasileira Sônia Braga faz uma pequena, mas poderosa e emocionante participação. Destaque para Via, interpretada por Izabela Vidovic e todo o elenco infantil: Noah Jupe (Jack Will), Millie Davis (Summer) e Bryce Gheisar (Julian).
Outro ponto que faz de Extraordinário um filme tão maravilhoso é o fato de eles trazerem bastante do livro para a tela, como a divisão da história por capítulos dedicados a personagens como Via e Jack Will. Dessa forma, é possível perceber que cada um enfrenta a sua própria batalha, situações que nem sempre estão relacionadas ao protagonista. É emocionante passar um tempinho com cada um deles e acompanhar os motivos de suas tristezas e alegrias. Como uma adaptação, naturalmente alguns momentos são deixados de lado, mas tudo o que é essencial para o andamento da história foi colocado no longa e trabalhado da maneira certa. A verdade é que, felizmente, toda a essência do livro está ali. E, devo dizer, o filme consegue ser ainda mais emocionante.
Extraordinário mostra que a beleza do cinema está no quanto essa arte tem a capacidade de nos sensibilizar. Vá preparado para deixar as lágrimas rolarem, independente da sua idade. O filme deixa ainda mais claro que categorizar esse livro como infanto-juvenil é limitar a sua mensagem. Extraordinário carrega uma história necessária que reforça o que precisamos aprender de uma vez por todas: nunca julgar uma pessoa pela sua aparência.
Um comentário em “Crítica: Extraordinário surpreende com adaptação fiel”
Comentários estão encerrado.