Crítica: Hotel Artemis
Serviço: 2 estrelas
É bem rápido analisar a carreira do roteirista – agora debutando na posição de diretor – Drew Pearce. Antes, fez parte de apenas dois projetos como roteirista: um desastroso, e outro de ótimo nível. O primeiro foi Homem de Ferro 3 (2013), facilmente o pior filme do universo cinematográfico da Marvel, já o segundo foi Missão Impossível: Nação Secreta (2015), o melhor filme da cinesérie. Infelizmente, na estreia de Pearce na função de responsável geral pela narrativa, ele ficou mais próximo do primeiro.
O suspense distópico Hotel Artemis nos situa na cidade de Los Angeles, em 21 de junho de 2028. É lá que está um hospital onde criminosos recebem cuidados da enfermeira-chefe Jean Thomas (Jodie Foster). Ao lado de seu assistente Everest (Dave Bautista), ela tenta dar conta do inferno que o local está prestes a virar com a entrada de assassinos e bandidos cada vez mais perigosos.
As intenções do iniciante Drew Pearce são notáveis. Seu roteiro é uma história original, pois não é baseada em livros, quadrinhos, série de tv, nem nada do tipo. O mundo criado no longa é fruto da imaginação e conhecimento de Pearce. O problema é que o mesmo foi original sem qualquer originalidade. Se há uma desigualdade de maior destaque no filme é seu roteiro, que prioriza lugares comuns, e pior, com diálogos pobríssimos e repetitivos, sem deixar espaço algum para o público sentir-se instigado pela trama sendo contada. Consequentemente, a direção pouco consegue fazer bom uso de uma narrativa estruturada fragmentada, como acontece nos melhores momentos do cinema de Quentin Tarantino, por exemplo. No final, Hotel Artemis só consegue ser derivativo e trivial.
Certamente um grande desperdício, pois alguns atores do elenco até fizeram um esforço além para transformar palavras batidas em algo estimulante, principalmente Jodie Foster. A atriz ganhadora de dois Oscars – por Acusados (1988) e O Silêncio dos Inocentes (1991) – oferece tons e nuances a sua personagem traumatizada, seja na maneira de caminhar, com a bebedeira, ou quando manifesta sua agorafobia, mas é impedida de ir além pelas limitações do conteúdo.
Também é de valor a performance de Sofia Boutella, ainda mais na hora da pancadaria, mostrando talento nas cenas de ação, como já havia feito antes com Kingsman: Serviço Secreto. Mas quem surpreende mesmo é Dave Bautista. Não bastasse ter aptidão nos momentos fisicamente brutamontes e revelar-se um ator cômico sagaz, vide o personagem Drax nos filmes Guardiões da Galáxia, também apresenta carteado no drama, como na breve aparição que fez em Blade Runner 2049.
Alguns pontos baixos: Sterling K. Brown e Jeff Goldblum, ambos desperdiçados; além de Zachary Quinto e Charlie Day em atuações equivocadas, principalmente o último que parece ter seguido a risca o estilo dos comediantes brasileiros Leandro Hassum e Paulo Gustavo, ou seja, gritar o tempo todo.
Talvez o único elemento que passe incólume seja a direção de arte, realmente inspirada, ainda mais se pensarmos que maior parte do filme se passa em ambientes fechados. Nessa, a cinematografia de Chung Chung-hoon pega carona, e também aproveita dos elementos visuais para criar uma atmosfera atraente. Uma pena que sejam apenas estes, essencialmente, os maiores predicados em Hotel Artemis, que uma vez assistido, provavelmente, não retornará.