Crítica: Maligno
O mal e o sobrenatural no seu lado mais humano possível
Há pessoas que afirmam existirem atitudes e formas de pensar dos humanos que, de certa forma, podem ser consideradas “demoníacas”. Conhecemos bem o desejo de fazer o mal apenas por fazer, sem esperar por nada em troca, buscando apenas a dor de vítimas indefesas. Mas até que ponto esses crimes e pensamentos diabólicos podem ser associados a uma imagem sobrenatural? É com esse objetivo que o filme Maligno tenta nos entreter diante de uma história com ótimo potencial, porém não tão bem executada.
Acompanhamos o nascimento e infância de Miles (Jackson Robert Scott), um garoto aparentemente muito mais inteligente que os garotos de sua idade. O que parecia incrível, começa a causar dúvidas quando o menino passa a causar sérios problemas e a ter atitudes estranhas e perigosas. É quando sua mãe, Sarah (Taylor Schilling, da série Orange is The New Black), tenta de alguma forma descobrir o que está acontecendo com seu filho, que parece cada vez mais tomado por alguma força sobrenatural capaz de cometer atrocidades.
O clima de tensão e mistério perdura toda a trama, e é na maioria das vezes bem trabalhado. Enquanto o roteiro controla bem sua expositividade (pelo menos até a metade do filme), ele peca por não saber lidar com as expectativas do público, que já está acostumado com vários dos clichês ali presentes, e acaba não se impressionando nos momentos que deveria. Os atores parecem não entregar o melhor que possuem, e a simplista elaboração de seus personagens também não ajuda de nenhuma forma.
Ao mesmo tempo em que a direção demostra habilidade em conduzir um terror por meio de aspectos técnicos bem trabalhados, sentimos falta de mais originalidade, visto que a premissa de um garoto que se desenvolve mais rápido que outros de sua idade e paralelamente possui problemas mentais possibilitava muitos caminhos intrigantes. Ainda assim, nos vemos envoltos pela atmosfera soturna de cômodos escuros e uma trilha sonora eficiente.
Maligno possui seus momentos de criatividade. Apesar de ser mais um limitado apanhado de referências e fazer um uso previsível do gênero, o filme se salva nos pequenos momentos, em cenas que antecedem o tão esperado susto. Tentando traçar um caminho diferente da “possessão demoníaca”, porém com sintomas semelhantes, a direção de Nicholas McCarthy acerta tanto quanto erra, e garante um misto de sensações (boas e ruins) aos espectadores que permanecerem interessados durante os 90 minutos de filme.