Crítica: Meu Ex é um Espião
Rir agora é com elas
Se há um subgênero voltando a ganhar cada vez mais espaço, este é o da comédia com ação (ou vice-versa). Mesmo aqui, em terras tupiniquins, recentemente chegou às telas Uma Quase Dupla com Tatá Werneck e Cauã Reymond. Nesse exemplo, assim como em Meu Ex é um Espião, o diferencial se encontra na união de atrizes/atores com comediantes, no caso desta última categoria representados por Kate McKinnon.
Depois de estrear com Entre Parceiras (2014), a cineasta Susanna Fogel volta a retratar o mundo feminino. Agora através de Audrey (Mila Kunis), que está chateada com sua relação com o namorado Drew (Justin Theroux), até descobrir que ele, na realidade, é um agente secreto que está sendo caçado por causa de informações sigilosas. Junto de sua melhor amiga, Morgan (Kate McKinnon), a moça terá que escapar de pessoas perigosas e proteger os segredos de Drew, enquanto as duas entram no mundo da espionagem.
Surpreende positivamente este segundo trabalho atrás das câmeras da diretora, e não parecia que seria assim. Os primeiros quinze minutos de Meu Ex é um Espião não apenas indicavam um filme morno, como boa parte das piadas eram fracas. Mas, logo após a primeira cena de ação que envolve suas protagonistas, o filme entra em uma vórtex que o eleva na intensidade que a ação aumenta.
Fogel, além de conseguir balancear os gêneros, executou com vigor e apuro técnico – e sem medo de usar violência gráfica – duas cenas de ação espantosas se pensarmos em termos de cineastas ainda iniciantes: uma num bistrô em Vienna, e outra usando como cenário um ginásio de esportes abandonado.
Mesmo em um roteiro calcado em obviedades – mas de boa qualidade humorística – ,a cineasta estabelece sinergia com suas estrelas, Mila Kunis e Kate McKinnon. O que vem em boa hora, pois as últimas comédias protagonizadas por elas (respectivamente Perfeita é a Mãe 2 e A Noite é Delas) ficaram muito abaixo da média, filmes fraquíssimos.
Mila Kunis se mostra cada vez mais à vontade, desenvolta em situações absurdas, até esdrúxulas; enquanto Kate McKinnon continua a mostrar seus talentos com caras e bocas – além de uma voz suavemente anasalada – como faz no programa de TV Saturday Night Live. A comediante, de estilo similar a Jim Carrey com suas caretas que antevêem o texto cômico já amaciando e soltando o espectador, é o que de há melhor no longa.
Do elenco masculino, destaque para a performance charmosa e intencionalmente desconfortável de Sam Heughan. Apenas Justin Theroux, desta vez, apresentou um trabalho mais insosso, infelizmente.
E é do personagem de Theroux que saem as palavras que melhor definem a personalidade de Morgan, interpretada por Kate McKinnon: “you’re just too much” – no traduzido, “você é muito exagerada”. Exatamente o que se pode dizer de Meu Ex é um Espião. Just too much… fun!