Crítica: Parque do Inferno

Crítica: Parque do Inferno

Correr, se esconder, ou lutar?

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Seria muito simples dizer que nem todos os slashers precisam ser originais, pois retratam um subgênero que aposta nos clichês e no previsível para entreter seu público. De fato nenhum filme tem a obrigação de inovar tanto em sua história, mas talvez tenha em trazer um enredo diferenciado. Como dizia Roger Ebert, não importa tanto o que você conta com seu filme, mas sim como você conta. Ao mesmo tempo que Parque do Inferno parece saber disso em alguns momentos, ele escorrega na elaboração de seus personagens e na plausibilidade de seus eventos.

Após uma cena inicial desnecessária que está ali para contextualizar o que já sabemos que virá, acompanhamos um grupo de seis amigos que resolve se aventurar em um parque temático de terror. O problema é que nenhum deles esperava que um serial killer mascarado iria entrar no parque e sair cometendo crimes com pessoas específicas. Nisso, a protagonista Natalie (Amy Forsyth, de Channel Zero), passa a se sentir ameaçada com a presença do homem mascarado, e tenta convencer seus amigos de que estão em perigo.

Sem arriscar grandes reviravoltas, o roteiro aposta em uma abordagem simples de entretenimento, para deixar o público tenso, propenso a tomar alguns sustos junto com os personagens. O ambiente em que tudo ocorre é o que mais se aproxima de algo original no filme. O fato de os personagens estarem em um festival de casas de horror, num parque temático cheio de funcionários mascarados (que às vezes podem até te tocar) e uma decoração arrepiante é o suficiente para fazer com que poucos se impressionem com um verdadeiro assassinato sem pensar que aquilo é armação, ou que de fato notem um maníaco ameaçando pessoas.

O filme não carece de interpretações convincentes, mas falta aprofundamento nos personagens, como muitos slashers por aí. Inclusive, essa seria uma ótima maneira de inovar em um slasher, abordar um pouco da vida pessoal de cada um dos membros daquele grupo de amigos, criando uma conexão maior entre o público e os personagens. Em Parque do Inferno, temos uma protagonista fraca, que não é salva nem pelos esforços de Amy Forsyth. A única atriz que consegue de fato se agarrar a sua personagem e envolver o espectador com um bom humor, é Bex Taylor-Klaus (Audrey de Scream).

A falta de segurança do evento e dos monitores, e os altos riscos tomados pelo assassino são improbabilidades que nos impressionam, assim como a já tão saturada estupidez de alguns personagens. Mas não nos impedem de comprar o risco que aqueles jovens correm e a dificuldade de convencer outras pessoas e de escapar diante de um assassino tão obcecado.

A direção de Gregory Plotkin (montador dos quatro primeiros filmes da franquia Atividade Paranormal e diretor do último filme) não traz muita novidade, mas a fotografia de José David Montero chama atenção com um jogo de iluminações contrastantes, de luzes vermelhas, azuis e verdes, enquanto a montagem garante dinamismo aos acontecimentos.

Embora o filme não abandone as velhas necessidades dos slashers de trazer romance forçado, sustos previsíveis e decisões duvidosas dos envolvidos para entreter o público, é possível tirar proveito de Parque do Inferno, ou pelo menos se divertir vendo personagens pouco interessantes morrendo nas mãos de um psicopata sanguinário.

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.