Crítica: Todas As Meninas Reunidas, Vamos Lá
Escola de Rock só para garotas
Feminismo e muito rock n’ roll: estes são os principais ingredientes que compõem o Girls Rock Camp Brasil, acampamento de férias para meninas de 7 a 17 anos que acontece há cinco anos em Sorocaba.
Dirigida por Carol Fernandes, que acompanhou a edição de 2017, a obra apresenta todas as etapas do projeto – que vão desde aulas com determinado instrumento musical, formação de banda, composição de músicas e, por fim, a apresentação. Tudo isso sem deixar de fora os aprendizados sobre empoderamento feminino (seja dentro do rock como também na influência afro) e aulas defesa pessoal, pintura e esportes.
Reunindo depoimentos das fundadoras Marianne Crestani, Flavia Biggs e Patricia Saltara, Todas As Meninas Reunidas, Vamos Lá enaltece que a mulher (seja ela de qualquer idade) pode, sim, se interessar e trabalhar na área que quiser – até mesmo naquelas que são consideradas “de menino”. Utilizar a música para enviar a mensagem da força feminina é o maior acerto do documentário.
O objetivo da diretora é claro e todas entrevistas são feitas para definir a importância da liberdade feminina na arte. Mas o grande porém de Todas As Meninas Reunidas, Vamos Lá se deve pelo fato do documentário incorporar o estilo de vídeo institucional – uma propaganda do próprio acampamento.
Por mais que as entrevistas com as fundadoras e participantes sejam bem desenvolvidas e se baseiem em assuntos que vão além do acampamento em si, a estrutura da obra acaba se tornando repetitiva por toda a filmagem acontecer dentro do acampamento e focar nos desafios ao longo da semana de programação. Pelo modo como Carol aborda a força do feminismo e o impacto gerado nas meninas, o resultado poderia ser muito mais marcante se fosse apresentado não somente o local em que o projeto acontece como também de que modo as pessoas de fora o enxergam, por exemplo.
O fato é que o documentário torna-se mais interessante para aqueles que gostariam de participar ou incluir suas filhas dentro do Camp do que para o público atraído pela temática feminista. Além disso, o filme sofre de alguns problemas técnicos no som e na iluminação, o que prejudica o entendimento de algumas falas e dá a impressão de improviso em certos momentos.
No entanto, é a intenção que fica. Ao fim do documentário, é impossível não se animar com a existência de um projeto que une tantos temas importantes para a sociedade e que ajuda crianças e adolescentes a se firmarem como indivíduos mais criativos e engajados.
FICHA TÉCNICA
Direção, produção executiva e roteiro: Carol Fernandes
Argumento: Patricia Saltara
Montagem: Marianne Crestani e Michelle Brito
Edição e Mixagem de som: Helena Duarte
Arte e Motion: Priscilla Pizzato
Gênero: Documentário
Duração: 80 min
Produção: Amora Filmes / Paris Entretenimento
Distribuição: Paris Filmes e Amora Filmes