Crítica: Um Limite Entre Nós

Crítica: Um Limite Entre Nós

Por Beatriz Ribeiro

Cenário simples e pouco usual, falas intensas e contínuas e um show de interpretação é o que você sente ao assistir ao filme Um Limite Entre Nós. Dirigido por Denzel Washington, o longa – que é baseado em uma peça de teatro dos anos 1980 – tem a participação de Viola Davis como atriz coadjuvante e conta a história de uma tradicional família americana dos anos 1950. Sua narrativa é ardente e te dá a percepção de estar em frente ao palco assistindo a uma peça teatral.

Fences, nome original, conta a história de Troy (Denzel Washington), que é casado com Rose (Viola Davis) e trabalha como coletor de lixo. Seu filho Cory (Jovan Adepo), treina futebol americano, mas é impedido pelo pai de continuar seu sonho, já que Troy, quando mais novo, fracassou em sua carreira de jogador de beisebol. Troy é o famoso pai de família durão e tradicional. “Tenho obrigação, como homem, de sustentar minha família”, é o que sempre dita durante grande parte do filme. Suas “obrigações”, como chefe da casa e provedor de teto e comida. O problema começa quando essa tal família estruturada, feliz e com regras severas de tradicionalismo acaba desabando no momento em que o pai mostra não ser tão perfeito.

Fences em inglês significa “cercas”, e é exatamente o que essa família começa a construir: uma “cerca” entre suas relações. O filme conta sobre como é sufocante manter uma tradicional família dos anos 1950. Troy, o pai, mostra ter sérios traumas psicológicos e uma personalidade difícil, desestabilizando aqueles que convivem ao seu lado. Este patriarcalismo faz com que todos vivam em uma asfixiante bolha onde é proibido ser fraco e imperfeito.

A sensação de estar em dentro de uma peça de teatro é muito interessante. Os cenários, falas e movimentação – muitas delas mantidas da peça original – te dá a sensação de estar na plateia de um teatro frente a frente com os atores. O diálogo é o ponto forte do filme; tudo gira em torno de cenas extensas com falas trabalhadas e pouca interação com o cenário em si, elemento típico de uma peça normal de teatro.

A história for criada por August Wilson em 1987, chegando a ganhar o Prêmio Pulitzer de Teatro no mesmo ano. Em 2010, Denzel Washington retomou a peça para os teatros e dividiu os palcos com Viola Davis. A peça foi um sucesso e em outubro de 2016 a adaptação cinematográfica da história foi lançado nos EUA.

A interpretação de Viola Davis e Denzel Washington é impecável – e não é à toa que estão concorrendo ao Oscar. Mesmo com os diálogos e cenas longas, apenas com o foco na atuação dos atores, não há um minuto em que você não preste atenção em cada palavra dita. A naturalidade, segurança e presença mostram que Viola e Denzel fazem performances dignas de aplausos.

O filme Um Limite entre nós (Fences) está concorrendo a quatro Oscar: Melhor Filme, Melhor Roteiro adaptado, Melhor Ator com Denzel Washington e Melhor Atriz Coadjuvante com Viola Davis, que já chegou a ganhar o Globo de Ouro da mesma categoria. O longa já teve sua pré-estreia para aqueles que queriam assistir antes da cerimônia do Oscar. Já para quem perdeu estas sessões, a partir do dia 02/03 o filme terá sua estreia oficial nos cinemas brasileiros. Clique aqui e veja a lista completa dos indicados ao Oscar.

FICHA TÉCNICA
Direção: Denzel Washington
Roteiro: August Wilson (baseado em sua peça)
Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson, Saniyya Sidney
Duração: 139 min.

Beatriz Ribeiro

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