Crítica: Venom

Crítica: Venom

Em briga de casal, não se mete… com o simbionte

Venom critica

Um dos tantos fenômenos da modernidade é o reconhecimento do bromance, uma forma de amizade mais forte e entusiasmada entre homens. E é exatamente isto que de melhor há no fraco Venom, dirigido por Ruben Fleischer. Sim, pode-se questionar que o alienígena simbionte não é um homem, claro. Mas deve-se levar em consideração aqui, sua forma física masculinizada e voz grave gutural do personagem da Marvel mais conhecido como um dos maiores arqui-inimigos do Homem-Aranha.

A história do vilão – agora, anti-herói – é contada a partir de Eddie Brock (Tom Hardy), um repórter investigativo que foi indicado para entrevistar Carlton Drake (Riz Ahmed), dono da Fundação Vida. Após descobrir nos e-mails de sua noiva, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), documentos sigilosos sobre os podres da empresa, Brock é demitido. Meses depois, Brock é procurado pela dra. Dora Skirth (Jenny Slate) que têm informações sobre testes feitos em humanos, a partir dos simbiontes, e assim, Brock será infectado pelo alien.

Desde o lançamento do primeiro trailer torceu-se o nariz para o filme. Geralmente, pouco se comenta sobre trailers – até pôsteres – quando analisamos o produto final que é o longa-metragem. Algo que deveria ser colocado em análise relacionando com o filme, pois estes podem dar indícios da identidade geral no tom. No segundo trailer, quando vemos Venom ameaçando um homem, dizendo que irá devorar seus membros e cabeça, deixando-o como um “cocô ao vento”, já temos a indicação do tom escolhido pelo diretor. Bem trash!

Venom é como qualquer outro filme baseado em quadrinhos: cinema de ação formatado – e dos mais genéricos. Não há novidades aqui. Algo que deve ser reconsiderado, principalmente em relação aos roteiristas, visando o seguimento da franquia. Consequentemente, Ruben Fleischer pouco faz, e cumpre o básico do básico, especialmente nas confusas cenas de ação, com CGI que lembra video-game.

O que sobra, então? Qual é o diferencial? Resposta: Tom Hardy.

O astro salva o longa de ser uma bomba, mas não consegue qualificar ao nível do minimamente razoável. Sendo o filme como é, um enredo em parte desconexo e sem qualquer tratamento aprofundado ou motivação convincente, resta ao ator, muito à vontade no papel, se aproveitar deste aspecto trash que já era indicado nos materiais de divulgação.

O ápice em Venom são as conversas entre Eddie Brock e o monstro que habita seu corpo. Se tudo ao redor joga o filme para baixo, essas interlocuções, que lembram os personagens Dr. Henry Jekyll e Mr. Edward Hyde da novela gótica de Robert Louis Stevenson, elevam o material.

São deliciosamente cômicas – e fluídas – as conversas entre hospedeiro e parasita. Discutem o almoço, a ligação emocional de Brock com Anne Weying, a própria relação, tudo isso mirando o entretenimento, enquanto estabelece uma identidade criativa ao longa de Fleischer.

Quando Venom tira proveito dessa relação, tem muito. Já quando não o faz, pouco têm para apresentar.

Alexis Thunderduck