Crítica: Viva – A Vida é Uma Festa
Pixar se supera mais uma vez e entrega um dos melhores filmes da temporada
A leveza de uma história familiar e a intensidade de uma abordagem mais real sobre a vida é o que fazem de Viva – A Vida é uma Festa (Coco) um filme tão interessante e repleto de mensagens especiais – bem naquele jeitinho Pixar de ser.
Dirigido por Lee Unkrich (Toy Story 3), codirigido por Adrian Molina (story artist de Universidade Monstros) e produzido por Darla K. Anderson (Toy Story 3), a animação costura elementos divertidos e despretensiosos com belos ensinamentos sobre a vida.
Ao tratar a família Rivera como ponto de entrada para o mundo dos mortos (muito bem apresentado de acordo com a cultura mexicana), o filme não mede esforços para dosar a fantasia do mundo Pixar com aquela parcela de realidade que pesa e emociona, especialmente quem já perdeu alguém especial. Assim como Miguel, jovem protagonista que é apaixonado por música, também descobrimos como o Mundo dos Mortos funciona, ao mesmo tempo em que sabemos mais sobre a família de Miguel – e mais importante, quem foi o seu pai.
A relação do protagonista com a música é o ponto alto da animação e tem enorme importância no quesito emoção. Mesmo que com poucas canções inéditas, todas que nos são apresentadas têm uma beleza única e certamente serão lembradas por um bom tempo. Além disso, a música também faz parte da história de toda a família de Miguel, que acaba por bani-la após uma tragédia inesperada. É aí que entra a camada dramática de Viva, que insere, na própria arte de cantar e dançar, a importância de entender suas próprias raízes a fim de não perder sua essência.
Outro aspecto positivo de Viva é seu visual. Exuberante e colorido, a animação apresenta o Mundo dos Mortos com um estilo apaixonante e que nos dá a impressão de ser muito mais vivo que o mundo real. Detalhes como a passagem dos Mortos para o nosso mundo, assim como a preocupação que todos têm em serem lembrados pelos entes queridos, resultam em cenas belíssimas e que realmente trazem lágrimas aos olhos.
A verdade é que Viva aproveita todos os detalhes de uma roupagem divertida, (principalmente pelo seu protagonista jovem, o cão companheiro, as sequências de ação…), mas seu enredo não possui nada de infantil. Ao abordar a morte com naturalidade e carinho, dificilmente as crianças entenderão o que aquele mundo cheio de caveiras representa de fato. Para os adultos, resta admirar as inúmeras mensagens de valorização, amor e respeito, e constatar que, desta vez, Disney e Pixar foram para frente sem inovar tanto: eles não apresentaram monstros, brinquedos ou heróis. Desta vez, temos humanos, com defeitos e sentimentos, dentro de uma narrativa que brilha em meio a simplicidade dos pequenos grandes momentos.
O maior trunfo de Viva é mostrar que a vida é uma mistura de coisas boas e ruins, mas que no final de tudo, só o que resta é o amor. E essa mensagem eu espero que as crianças entendam facilmente.
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