O ano do protagonismo feminino em Hollywood
No ano passado eu tive o prazer de escrever um texto especial para o dia internacional da mulher chamado Fight Like a Girl! – As Heroínas no Cinema, contando sobre todas as personagens importantes e fortes nas quais podemos nos inspirar, mas não tinha ideia de como o ano ia se desenvolver. Nunca imaginaria a chuva de denúncias de assédio e agressão e tantas outras coisas que fizeram com que eu me sentisse inspirada e representada não só pelas personagens dos filmes, mas também pelas atrizes, diretoras, produtoras, roteiristas e todas as mulheres que fazem parte desta indústria do cinema.
Nos últimos 365 dias, vimos o sucesso de um filme sobre uma super-heroína estrelado e dirigido por mulheres, percebemos o poder que as mulheres têm quando se juntam (e negam o caminho natural da sociedade que as quer separadas e cheias de inimizades) em campanhas como #metoo e #timesup. As séries mais comentadas e premiadas do ano foram justamente as que trazem temas sobre a realidade feminina: Big Little Lies e The Handmaid’s Tale surgiram para escancarar verdades que todos sabem que existem, mas muitos preferem esconder.
No Globo de Ouro, Natalie Portman nos lembrou que só existiam homens indicados na categoria de melhor diretor. No 90º Oscar, tivemos a primeira mulher indicada na categoria de melhor fotografia e a quinta como melhor diretora, além de um discurso genial da vencedora como melhor atriz Frances McDormand, que pediu para todas as indicadas em alguma categoria ficarem em pé e disse: “Olhe ao redor, todos. Olhe ao redor, senhoras e senhores, porque todas temos histórias a contar e projetos que precisam ser financiados.”
Esse ano foi o ano das denúncias e das batalhas salariais, foi o ano de mostrar ao mundo que nem tudo são flores em Hollywood, que as mulheres da indústria cinematográfica enfrentam, sim, os mesmos (e até maiores) problemas sociais que todas as outras no dia-a-dia.
Em 2017, as mulheres de Hollywood descobriram suas vozes e o poder que têm quando se juntam. Deixaram de ser protagonistas só nas telonas e se tornaram protagonistas da vida real, aparecendo em todos os meios de comunicação, questionando e batalhando por direitos.
Espero que essa chama não se apague, e que nos próximos anos possamos ver mais mulheres estrelando, dirigindo, roteirizando e produzindo seus próprios filmes. Que as personagens femininas existam em maior quantidade, com mais falas e com personalidades mais profundas, e que a atitude dessas mulheres reais nos inspire tanto quanto as personagens que elas interpretam na ficção.
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