O que podemos esperar de Blade Runner 2049?
Estamos em maio e já é certo dizer que 2017 está sendo um ano memorável para o cinema (Logan e Corra! são ótimos exemplos de longas elogiados tanto pela crítica quanto pelo público), mas o que está por vir consegue ser ainda mais animador. E olha que eu não estou falando de Star Wars: Os Últimos Jedi ou de Liga da Justiça, apesar destes serem filmes muito aguardados por essa pessoa que vos escreve. Dentre esses filmes animadores, podemos encontrar a continuação de uma verdadeira obra-prima da ficção-científica feita por um diretor visionário que deveria ser mais respeitado nos dias de hoje. Estou falando de Blade Runner 2049, que estreia em outubro sob o comando de Denis Villeneuve – e cujo filme predecessor foi dirigido por Ridley Scott em 1982.
Antes de falar sobre a continuação, vamos dar mais uma lida na sinopse oficial:
Trinta anos após os eventos do primeiro filme, um novo blade runner, o policial K (Ryan Gosling), do Departamento de Los Angeles, desenterra um segredo que tem o potencial de mergulhar o que sobrou da sociedade em caos. A descoberta de K o leva a uma jornada em busca de Rick Deckard (Harrison Ford), um antigo blade runner da LAPD que está desaparecido há três décadas.
Ok, juntando a sinopse com o trailer, fica mais do que claro que o personagem de Gosling é o protagonista da vez, com Deckard agindo como seu guia, possivelmente. Além disso, a trama política e o toque oriental terão ainda mais força aqui. Veremos Los Angeles novamente em seu estilo high-low (high technology, low way of life) e um vilão chamado Wallace que aparentemente está criando replicantes (assim como Dr. Eldon Tyrell) para guerrear no futuro. O que houve para Deckard se esconder por tanto tempo? Poderia K ser seu filho? E por que a personagem Joi (Ana de Armas) diz a K que ele é especial? Já está implícito que o protagonista tem chances de ser um replicante, dúvida essa que também recaiu sob Deckard no primeiro filme.
Agora, deixando as dúvidas um pouco de lado, confira a seguir os motivos que me fazem crer que Blade Runner 2049 conseguirá se estabelecer como uma continuação à altura de seu predecessor.
Denis Villeneuve na direção. Podemos ficar tranquilos?
Denis Villeneuve já pode se considerar como parte do time dos grandes nomes em Hollywood. Desde Incêndios (2010), o cineasta vem colecionando elogios de crítica e público por sua seleta (mas grandiosa) filmografia, que ainda conta com títulos como A Chegada, Os Suspeitos e Sicario, todos dignos de Oscar. Quando falamos de grandes obras que voltarão às telonas – ainda mais sem o diretor original, é mais do que natural os fãs se sentirem incomodados por não saberem o que poderá ser criado a partir do material que muitos conhecem e amam. No caso de Blade Runner, este caso poderia se encaixar muito bem; porém, como temos um nome como Villeneuve destacando-se na direção, confesso que é difícil ficar com um pé atrás. Além deste nome mais do que ilustre no time criativo, Ridley Scott (diretor do original de 1982) também atua como produtor executivo.
Trilha sonora de Jóhann Jóhannsson – com aquele toque de Vangelis
A melódica trilha sonora do icônico compositor Vangelis é considerada historicamente como uma importante peça do gênero eletrônico e, acima de qualquer coisa, é um daqueles casos de trilhas que são maiores que o próprio filme. O título Blade Runner é tão marcante que já podemos ouvir seus traços no primeiro trailer de Blade Runner 2049. Só de ouvir aquelas notas já dá até um arrepio, né? Além disso, o trailer inseriu trechos de uma música inédita e, no Spotify, também é possível conferir a nova versão da música-tema (ouça aqui). Um dos elementos que me deixa mais curiosa para conferir este lançamento é justamente a trilha-sonora, então torço para que o grande Jóhann Jóhannsson (que está presente em basicamente todos os trabalhos de Villeneuve) tenha mantido a essência das músicas originais.
Roteiro por Hampton Fancher (que também escreveu o filme de 1982)
Uma coisa que todos os cinéfilos de plantão sabem é que o roteiro é, de longe, um dos pontos mais importantes de um filme. Se tal obra possui uma excelente direção, mas um roteiro fraco e raso, não adianta. Um elemento sustenta o outro e a dupla direção e roteiro precisam estar 100% alinhadas. Ou seja, nem mesmo Villeneuve conseguirá sustentar Blade Runner 2049 caso o roteiro não flua da mesma forma que o filme de 1982, que esbanja política, romance, drama, violência e reflexões sobre vida e morte de forma perfeita e balanceada. Mas a boa notícia é que um dos roteiristas do original está de volta, o que deve ajudar a tudo se manter nos eixos. Vale lembrar que o universo Blade Runner do cinema é a adaptação do romance Do Androids Dream of Electric Sheep?, escrito em 1968 por Philip K. Dick.
Roger Deakins e seu trabalho impecável de fotografia
O diretor de fotografia britânico é um profissional muito respeitado em Hollywood. Aos 67 anos, Deakins coleciona 13 indicações ao Oscar e, sempre que possível, trabalha com Sam Mendes e os irmãos Coen. Já trabalhou com Villeneuve em Os Suspeitos e Sicario, o que marca Blade Runner 2049 como a terceira colaboração da dupla no cinema. Observando o trailer oficial da continuação, é possível ver que a identidade visual do longa original está mantida. O jogo de luzes e o clima com cores escuras e alguma delas destacando-se do todo são características já vistas em 1982 e que realmente não poderiam ser retiradas. O que Deakins provavelmente fez em seu novo trabalho foi se inspirar na atmosfera utópica para, então, dar os toques pessoais que os fãs tanto gostam: planos centralizados, linhas perfeitas e iluminação que completa o personagem. Se existe um ambiente no qual Deakins se dá bem, aliás, ele é o deserto. Filmes como Sicario e Bravura Indômita provam isso, e um detalhe interessante é que em Blade Runner 2049 já é possível ver algumas cenas em ambientes arenosos. Sigo ansiosa para conferir o novo trabalho do diretor de fotografia, que se prova, cada vez mais, tão cuidadoso quanto talentoso.
Ryan Gosling, Harrison Ford e um elenco simplesmente estelar
Eu já tive seu trabalho. Eu era bom nisso. (Deckard)
Não bastasse o retorno de Harrison Ford, todo o casting de Blade Runner 2049 está mais do que satisfatório para qualquer pessoa que acompanha produções inéditas no cinema e na televisão. Ryan Gosling, o queridinho de Hollywood, foi indicado ao Oscar deste ano por La La Land, Robin Wright é Claire Underwood na premiada série House of Cards, da Netflix, e Jared Leto, que é músico, já tem um Oscar de Melhor Ator para chamar de seu pela bela e surpreendente performance no longa Clube de Compras Dallas. Pouco se sabe sobre cada personagem e sua importância na narrativa, mas vamos combinar que grande parte do hype para o filme existe só pelo elenco!
E aí, concorda com os apontamentos acima? Está botando fé em Blade Runner 2049 ou prefere esperar para ver e só depois dar uma opinião? Deixe seu comentário aqui pra gente!
O longa, distribuído pela Sony Pictures no Brasil, estreia em 05 de outubro de 2017.