Os Caubóis do Apocalipse e a força independente
por Lucas Walderez
Olhar para filmes independentes com carinho sempre é algo inteligente a se fazer. Apesar de não possuírem a mesma superprodução de um filme feito por grandes produtoras, os filmes independentes contam sempre com o toque mais pessoal e delicado de seus autores. Os Caubóis do Apocalipse é um claro exemplo disso. Produzido por Rodrigo da Costa e dirigido por Diego da Costa, o longa-metragem é a definição exata do que um autor com total liberdade pode produzir.
Os Caubóis do Apocalipse conta a história de Tom, rapaz que vive em uma pequena cidade onde só tem a música como companhia e diversão. Tom, na infância, era o vocalista e baixista da banda que dá nome ao filme, ao lado de Dedão, baterista, e Nanda, guitarrista. Tom sempre sonhou com a volta da banda e o alcance do sucesso, mas Nanda e Dedão tinham outros planos. Nanda passou para a faculdade federal na capital e, em decorrência disso, teria que mudar de cidade. Dedão, com planos menos centrados em seu futuro, se focava em fumar maconha com seus outros amigos Fred, Gê e Léo, que compõem o núcleo cômico fortíssimo no filme. Ao saber da mudança que Nanda fará em sua vida, Tom propõe que ela e Dedão vão ao seu sítio, para que, juntos, gravem um clipe e, consequentemente, a banda atinja sucesso.
O longa conta com uma trilha sonora original, com as músicas da banda compostas por Brás Antunes e Rodrigo Monteiro, além da produção em estúdio feita por Rafael Sartori. Com a proposta das músicas originais, o filme ganha em personalidade e expressa, de maneira marcante, sua característica.
O filme foi nomeado para o festival BRICS, em Moscou, para o 8º Civifilmes, em São Paulo, aonde recebeu o prêmio de melhor filme, e também para o 7º FestCine Maracanaú, aonde faturou os prêmios de melhor direção, para Diego da Costa, melhor fotografia para Dhyana Mai e melhor atriz, para Cacá Ottoni.
Os Caubóis do Apocalipse expressa muito bem a fase transicional da adolescência para a vida adulta, quando a mudança de vida leva ao distanciamento dos amigos, mudanças de plano e confusões nos pensamentos.
“O mais importante é o fato de que eu queria fazer um filme que eu gostaria de ver como público. Sem altas pretensões, um filme divertido, jovem, potente, que contasse um pouco de uma história que me marcou muito que é justamente essa transição da vida na cidade pequena para a entrada na Universidade. E mais ainda, das relações entre os amigos que formam bandas na adolescência, cheios de sonhos, mas que vão ser levados a diferentes caminhos por suas escolhas e também por outras influências”, conta o diretor Diego da Costa.
E é com essa leveza de ideias e humor jovial, que Os Caubóis do Apocalipse vem conquistando cada vez mais espaço no cenário do cinema brasileiro, mostrando a grandeza que habita a cena independente cinematográfica.