Rebobinando: Perfume de Mulher (1992)

Rebobinando: Perfume de Mulher (1992)

O Rebobinando desta semana é especial e possui uma atuação mais especial ainda. Há filmes que nos marcam pelas histórias que possuem e também há filmes que permanecem em nossa memória pelas atuações que fazem parte dele. Perfume de Mulher é o tipo de filme cuja força reside na performance de seu protagonista. Neste caso, o protagonista é Al Pacino, na pele do personagem Frank Slade.

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A história do filme do diretor Martin Brest (Encontro Marcado) tem um roteiro um tanto quanto simples: Frank Slade, um coronel cego, viaja para Nova York com Charlie Simms (Chris O’Donnell), um jovem acompanhante, com quem resolve ter um final de semana perfeito antes de morrer. Porém, durante a viagem ele começa a se interessar pela vida do jovem, esquecendo seus próprios problemas que o levaram até a decisão de viajar.

Mesmo acreditando que nenhuma análise chegaria à altura do que Al Pacino fez como ator neste filme, ouso dizer que esse é um dos seus melhores trabalhos (afinal, Pacino também foi fantástico em O Poderoso Chefão, Scarface, Serpico, Um Dia de Cão… poderia ficar o dia todo citando mais filmes). Inclusive, ele conseguiu sua primeira estatueta de Melhor Ator no Oscar justamente por Perfume de Mulher, e não poderia merecer mais tal reconhecimento. Seu personagem, por mais solitário e sarcástico que seja, cativa o espectador, e é fácil ver as nuances de Frank Slade. Mas o detalhe mais importante em sua atuação é que o coronel é cego, e Pacino não usou lentes que o deixassem sem enxergar – aliás, ele até recebeu a ajuda de uma escola para cegos, por livre e espontânea vontade, para se aproximar o máximo possível de uma pessoa cega. Esse detalhe em seus olhares ajudou ainda mais a fortalecer sua atuação. É praticamente inacreditável que ele tenha atuado com tanta naturalidade e perfeição, fato que consegue arrancar de sorrisos até lágrimas de quem assiste.

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Com ótimas performances de Chris O’Donnell e do falecido Philip Seymour Hoffman, Perfume de Mulher é uma obra sensível, que tem como pano de fundo uma história cheia de motivações e ideias. Tais ideias emocionam, promovem a reflexão, mostram sentimentos reais. E tudo isso em um roteiro simples, sem invenções. O filme, uma grande preciosidade dos anos 90, é um retrato da vida real, com uma história que pode acontecer com muitas pessoas. É aquele tipo de filme que devemos assistir e simplesmente nos deixar levar pelas emoções que transbordam pela tela.

E é impossível finalizar esse texto sem citar uma das melhores cenas que o cinema já viu, em que Al Pacino dança tango com Donna (Gabrielle Anwar)! Relembre:

“Não há erros no tango. Não é como a vida. É simples. É o que faz o tango ser tão fantástico: se você erra ou se atrapalha, continua dançando…”

Barbara Demerov