10 pérolas escondidas na Netflix
Menu, sugestões e relacionados. Nem sempre esses três são o bastante para nos fazer encontrar todos os filmes contidos em nossa amada Netflix. Um imenso catálogo de produções divididas por gêneros (e subgêneros) pode não ser o suficiente (e muito menos 100% preciso), uma vez que muitas vezes um filme explora mais de um gênero em sua temática, e pode acabar sendo selecionado/categorizado apenas pela sua característica primária, como sustos (terror), risadas (comédia), lágrimas (drama), e assim por diante. Inicialmente parece correto, não? Mas isso pode virar um grande problema – principalmente quando pensamos em filmes e séries produzidas atualmente, onde tudo é cada vez mais cinza. Comédias com um pé no drama, terror lapidado sobre o suspense psicológico, etc…
Nessa situação, talvez o que resta é a ferramenta mais eficaz: a pesquisa direta. Com ela você pode ter a TOTAL certeza de que o filme que procura existe ou não na Netflix. Sendo assim, indicarei dez belas obras super interessantes, dos mais diversificados gêneros e países.
Em sua maioria, os filmes a seguir foram concebidos por produtoras independentes e com baixo custo. Eles foram muito bem avaliados pela crítica mas, ainda assim, não possuem tanta divulgação e muitas vezes são chamados pelos cinéfilos de “filmes cult“. Lembremos que esse artigo não trata somente de filmes imensamente desconhecidos. Muitos deles você deve conhecer através de grupos de cinema do Facebook; entretanto, poderá confirmar que são produções que merecem mais atenção do público!
O Abutre / Nightcrawler (2014)
Iniciar uma lista com Jake Gyllenhaal é no mínimo empolgante. O ator, que só aceita ótimos papéis, também produziu esse filme que é um dos mais persuasivos de sua carreira. Com dificuldades para conseguir um emprego formal, o jovem Louis Bloom (Gyllenhaal) decide entrar no agitado submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. A fórmula é correr atrás de crimes e acidentes chocantes, registrar tudo e vender a história para veículos interessados.
A forte crítica à obsessão permeia os 117 minutos de filme freneticamente, enquanto somos levados por esse suspense para a crescente loucura de Louis. A direção do filme é simplesmente fantástica, original como você nunca viu – só assistindo para entender. E a atuação de Gyllenhaal supera todas expectativas. O ator realmente arrebenta. Como se não bastasse os ótimos ingredientes, o mais significativo deles é o poderoso roteiro original, que foi indicado ao Oscar.
Locke (2013)
Um dos meus filmes favoritos e o melhor papel de Tom Hardy em minha opinião. Esse sucesso de crítica não pode passar despercebido na sua tela. A vida do brilhante Ivan Locke (Hardy) muda completamente quando recebe um telefonema ameaçando a segurança da sua família e sua carreira. Ele embarca em uma corrida contra o tempo e só tem 90 minutos para resolver tudo.
Com apenas dois milhões de dólares de orçamento, um carro e um ator, Steven Knight (o gênio por trás de tudo) entregou uma das mais incríveis provas de que fazer cinema não é questão de dinheiro, mas sim de ideia. Mesmo com somente uma locação, ficamos completamente presos na história escrita por Knight, que também dirige o filme impecavelmente. Um drama americano e britânico bem curto (85 minutos), mas muito bem orquestrado que, sem dúvida alguma, merece sua atenção. Destaco a envolvente trilha musical de Dickon Hinchliffe.
Filth (2013)
Eu jamais deixaria de fora uma das produções mais expressivas que já vi nos últimos anos. Se você apreciou o trabalho de James McAvoy em Fragmentado, saiba que na minha opinião, as 23 personalidades de Kevin não superam a fortíssima atuação de McAvoy em Filth. Bruce Robertson (McAvoy) é um homem viciado em cocaína, misantropo, bipolar e obcecado por sexo. O problema é que também é um policial responsável por investigar um assassinato brutal. Na verdade, Bruce deseja mais do que encontrar o culpado: ele pretende usar este caso para conseguir uma promoção e conquistar novamente o afeto de sua ex-esposa e de sua filha.
O filme é baseado no livro de Irvine Welsh, também escritor daquilo que viria a ser um grande clássico do cinema: Trainspotting. Usando o protagonista como anti-herói, essa comédia dramática escocesa conquista o público com uma atraente direção de arte, além de uma fotografia bem charmosa.
Vingança Muda / The Seasoning House (2012)
O quarto nome da lista pode não representar um triunfo das críticas em geral. Pelo contrário, é visto por alguns como uma péssima produção, mas baseado em experiências pessoais, devo indicá-la como uma ótima atração disponível na Netflix. Em 1996, nos Balcãs, a população de uma pequena cidade é assassinada por uma milícia comandada pelo desumano Goran (Sean Pertwee). Ele rapta meninas para serem prostituídas em um bordel que pertence ao cruel Viktor (Kevin Howarth). Angel (Rosie Day), uma garota com deficiência auditiva que testemunhou a execução da própria mãe, tem uma marca de nascimento no rosto, e Viktor a escolhe para fazer os trabalhos domésticos: maquiar e drogar as meninas para os clientes.
Dê uma chance para essa obra que, na minha visão, representa uma perfeita combinação de cenas brutais e angustiantes com um bom pretexto dramático por trás. Um responsável thriller britânico que sabe dosar de seu suspense, ação e drama. O final do filme sinceramente é poético de tão bom. Vai ficar em sua memória por um bom tempo.
Shame (2011)
Poucas obras alcançam a façanha de se tornarem clássicas abordando temas polêmicos, e que tendem a serem vistas como repulsivas por grande parte do público. Shame é outro longa britânico da lista e um claro exemplo disso. Um filme importante e tecnicamente invejável que contém potente teor sexual. Brandon (Michael Fassbender) é um homem bem sucedido que mora sozinho em Nova York. Seus problemas de relacionamento, aparentemente, são resolvidos durante a prática do sexo, tendo em vista que é um amante incontrolável. Contudo, sua rotina de viciado em sexo acaba sendo profundamente abalada quando sua irmã Sissy (Carey Mulligan) aparece de surpresa e quer morar com ele.
Visualmente deslumbrante, o filme foi o segundo longa de Steve McQueen, também diretor do aclamado 12 Anos de Escravidão. Em termos de atuação, o drama se sai muito bem, tanto com Fassbender (que dá um show) quanto com Mulligan.
Blue Jay (2016)
Blue Jay é o filme perfeito para se assistir naquele momento em que você pensa que bons filmes americanos de romance não existem mais. Em tempos onde a originalidade está cada vez mais escassa, produções como essa vêm à tona para provar que filmes independentes acertam mais que grandes produções.
Quando estão retornando para sua pequena cidade natal na Califórnia, dois ex-namorados (Mark Duplass e Sarah Paulson) do ensino médio se encontram por acaso. Os dois lembram do passado que compartilharam e passam a refletir sobre ele, levando em conta suas vidas atuais, que não parecem ser tão satisfatórias.
Apaixonante, realista, delicado e humorístico. Esses quatro adjetivos ainda não bastam para definir o quanto esse filme é grandioso, principalmente para mim. Sempre me emocionei com romances, mesmo os mais clichês, porém a sensação que tive ao ver essa estilosa obra em preto e branco foi algo único. A dupla de atores funciona perfeitamente, o que só acrescenta.
Creep (2014)
Para quem adora um thriller independente com vários sustos e muita tensão, Creep é o seu novo objetivo. Um cinegrafista chamado Aaron (Patrick Brice) aceita realizar um serviço de um dia que viu em um anúncio. Em uma cidade remota nas montanhas Aaron se encontra com Josef (Mark Duplass), seu cliente, mas ele não é nada daquilo que Aaron imaginava.
Não, você não leu errado. Mark Duplass atua em dois filmes da lista (além de também ser produtor de ambos). A obra cria uma atmosfera bem convincente do que é estar na casa de um estranho, realizando seus pedidos bizarros. Logo de início, o expectador se projeta na pele de Aaron, que se vê à mercê dos desejos de Josef, cada vez mais esquisitos. O roteiro é excelente e coloca em jogo questões interessantes, diálogos naturais que elaboram as personalidades dos dois personagens aos poucos. Mas o maior charme da obra é conseguir usar da câmera na mão (found footage) a seu favor, sem parecer ridículo ou forçado. O realismo dessa produção só intensifica o sentimento do público, enquanto o roteiro brinca com nossas desconfianças e o apimenta com muito humor.
Angel-A (2005)
Achou mesmo que ia faltar aquele típico drama francês? De maneira alguma. Esse é outro filme da lista que não é muito bem qualificado pelos críticos, porém resguarda um lugar especial no coração de quem vos escreve. As muitas dívidas de André (Jamel Debbouze), um zé-ninguém de 28 anos, o mantém preso a perigosíssimos gângsters. Prestes a cometer suicídio atirando-se de uma das mais altas pontes de Paris, André nota a presença de outro suicida – na verdade, outra: uma linda loura (Rie Rasmussen). Depois de resgatá-la das turbulentas águas que correm sob a ponte, André e a misteriosa mulher descobrem que ambos têm muito mais em comum do que imaginam.
Sabe aquela sensibilidade que só os franceses têm? Com Angel-A não é diferente. O filme é uma lição de vida disfarçada, em que a simpatia do preto e branco dá vida aos elegantes movimentos de câmera. Prepare-se para diálogos profundos, sinceros e emocionantes.
A Maldição da Floresta / The Hallow (2015)
Quem acha que só os americanos são capazes de fazer terror com muitos efeitos especiais, está enganado. Adam Hitchens (Joseph Mawle) aceita um emprego em uma remota floresta na Irlanda esperando encontrar uma vida nova para ele, sua esposa Clare (Bojana Novakovic) e seu filho recém-nascido. No entanto, ao chegarem na casa nova, um agricultor com fortes crenças na tradição local o alerta para parar de mexer naquelas terras sagradas. Quando alguém invade a casa dos Hitchens à noite querendo fazer mal a criança, o casal é obrigado a lutar para proteger seu filho e sobreviver diante de misteriosos seres que habitam aquele bosque.
Não irei mentir e dizer que a obra tem aquele tipo de terror que agrada todo mundo, mas posso afirmar que minha experiência com o filme foi das melhores. Um ótimo entretenimento irlandês que, no mínimo, vai te deixar bastante apreensivo.
The Invitation (2015)
O último filme da lista é simplesmente um dos melhores thrillers psicológicos que já assisti. The Invitation agarra o expectador com garras e dentes, e só o larga quando os créditos começam a subir. Após chegar junto à sua namorada para um jantar organizado por sua ex-mulher e seu novo marido, Will (Logan Marshall-Green) começa a estranhar o comportamento de vários convidados, além de começar a duvidar de sua própria sanidade. Não demora muito para Will começar a suspeitar que os visitantes têm planos sinistros contra ele.
Devagar, vamos conhecendo a história e adentrando ao suspense proposto pela belíssima direção de Karyn Kusama, que ora suaviza o clima amedrontador do ambiente, e ora intensifica através de olhares e ações suspeitas. Flashbacks esclarecem e alimentam a narrativa, mostrando-se úteis (diferentes de muitos que vimos por aí). Claramente o roteiro do filme vai te dominar completamente, provando mais uma vez que um enredo interessante é o grande segredo de um bom filme independente.
Um comentário em “10 pérolas escondidas na Netflix”
Comentários estão encerrado.