Pela Janela: entrevista com o ator Cacá Amaral

Pela Janela: entrevista com o ator Cacá Amaral

Com experiência no teatro e com 15 longas-metragens em seu repertório, Cacá Amaral é uma parte importante do drama Pela Janela, dirigido por Caroline Leone. No filme, Cacá interpreta Zé, o irmão da protagonista Rosália (Magali Biff) que, após ser demitida, é levada por ele numa jornada de transformação interior até a Argentina. Confira a entrevista com Amaral abaixo.


Para você, sobre o que é Pela Janela?

Pois é… ele é sobre tanta coisa, e dá um tempo pra gente refletir. É um filme que não tem muita fala né. Mas eu vejo um sistema cruel, que descarta as pessoas, independente da profissão. O sistema é duro. No caso da Rosália, 30 anos trabalhando numa empresa, chegam pra ela e dizem “não precisamos mais de você”. É muito difícil lidar com isso. É uma pessoa simples que, mesmo descartada, vai atrás e ainda oferece ajuda. Até na nossa profissão de ator, que até pode sobrar um papel de ‘véinho’, podemos ser colocados de lado e descartados pela idade.

Como foram os ensaios com Magali? E como se deu a construção dos personagens e dos laços entre os dois?

Nós fizemos um trabalho como no teatro. Nunca tive oportunidade de trabalhar tanto com um longa. Antes da gravação, tivemos pelo menos uns 40 encontros. Seguindo a orientação da Carol, fomos construindo o que estava no roteiro e também essa relação de irmão. Compomos a história dos nós dois juntos, e isso se vê na tela, esse amor de irmão entre duas pessoas simples. Construímos até a história dos pais, que o pai era um alcoólatra, que eles moravam num cortiço. É o meu 15º longa, nunca tinha feito isso.

Como foi gravar um filme na estrada, no banco no motorista?

Foi complicado, cara. Porque não sobram muitas opções, tem uma câmera, um motorista e um passageiro. Tinha que ficar atento na estrada, no texto e na relação dos personagens. Era tenso. Se você tem uma câmera-car, é uma coisa. Quando você pega uma estrada, internacional ainda, com carro vindo, caminhão e chuva. Eu tinha que estar como Cacá dirigindo e como meu personagem também vivo lá. A Carol dizia: “Cacá, pode ir mais rápido”, “agora pode ir devagar”, “põe as duas mãos no volante, ele é motorista profissional”. Nada nesse filme foi simples.

Você tem bastante experiência com teatro, mas também com cinema e televisão. Quais as principais diferenças quando em frente às câmeras?

No teatro, nós temos que projetar. Naquela distância da plateia, se você fizer uma coisa minimalista assim, ninguém vai ver. Mas agora no cinema, com essas lentes que adentram, é um trabalho bem mais interior. No teatro eu faço uma expressão assim “AHHHRGH”, mas se no cinema ou na televisão fizer assim, vão falar que tá over. Até se você dá uma piscadinha, na tela esse movimento se sobressai.

Há diálogos seus que são inteiramente no portunhol. Como foi essa experiência de dividir cenas com os argentinos? Eram todos atores profissionais?

Não. Tem muito material e muitas situações que acabou não indo pra tela em que interagimos com esses não-atores. Eu me abri pra todas essas pessoas, e fiquei muito contente com essa prontidão deles mesmo sem ser profissionais. Nem parecia que foi a primeira vez pra eles.


Confira também:

Crítica do filme Pela Janela

Entrevista com a diretora Caroline Leone

Entrevista com a atriz Magali Biff


A estreia do filme está marcada para 18 de Janeiro.

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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