Crítica: A Lenda de Tarzan

Crítica: A Lenda de Tarzan

O cinema aposta cada vez mais em live-actions que estabelecem releituras de personagens clássicos, trazendo aquele sentimento de nostalgia e unindo os artifícios da tecnologia. É primordial que estes personagens possuam histórias marcantes para diversas gerações, e o clássico Tarzan (criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs em 1912) sem sombra de dúvidas se encaixa nessa categoria!

Não bastasse as histórias de Burroughs, a animação que a Disney lançou em 1999 também serviu para enraizar a importância de Tarzan tanto para o público infantil quanto o adulto. O desenho é considerado um dos melhores da Disney e nos conta como John Clayton III, Lorde Greystoke, torna-se a lenda viva chamada Tarzan ao viver até a fase adulta na floresta com sua família de macacos. Tudo isso com muita diversão e músicas incríveis, é claro.

Mas agora, em 2016 – e depois de vários filmes e séries -, a Warner resolveu seguir por um caminho diferente, ousado e interessante: narrar a continuação da animação tão querida pelo público por uma ótica diferenciada, com Tarzan retornando ao seu posto de heroi.

Com um tom bem mais sério e sombrio (bem no estilo Warner), a versão live-action do Homem da Floresta possui a direção de David Yates (diretor dos últimos quatro filmes da franquia Harry Potter) e um ótimo elenco, comAlexander Skarsgård na pele do personagem principal. A história se passa anos após Tarzan e sua amada Jane (Margot Robbie) saírem das florestas do Congo, na África, e apresenta o casal vivendo na próspera Inglaterra. Tarzan adotou o nome de John Clayton definitivamente, mas é claro que essa situação não dura muito tempo, caso contrário, não haveria filme, certo? John é convidado a voltar ao Congo pelo governo da Bélgica, mas o problema é que ele está sendo manipulado como uma peça de xadrez em um jogo comandado pelo belga Leon Rom (Christoph Waltz), um homem ganancioso que fará de tudo para conquistar o que almeja.

Ambientado em meio ao imperialismo europeu e contextualizando a trama com foco no povo africano, A Lenda de Tarzan é um filme de peso histórico – ainda mais pelo fato de introduzir a figura real de George Washington Williams (Samuel L. Jackson, o alívio cômico do filme e ótimo como sempre), que representou um notório papel durante a Guerra Civil Americana e lutou contra a escravidão. Elementos como este só tornam a narrativa ainda mais poderosa, juntamente com um roteiro bem amarrado, que não deixa pontas soltas e prende a atenção no decorrer de seus 110 minutos.

Skarsgård e Robbie foram as escolhas perfeitas para interpretar o casal Tarzan e Jane. O ator, que ficou mundialmente conhecido como o vampiro Eric da sérieTrue Blood, está perfeito no personagem mesmo quando se encontra fora da selva, sabendo dosar o lado ‘humano’ e o lado ‘animal’ de Tarzan, e a atriz entrega uma Jane incrível: forte, corajosa, sem medo de qualquer risco que esteja encarando. Ela passa longe de ser uma “dama em perigo”, e além de agir como tal, faz questão de dizer isso no longa. Já Christoph Waltz não desaponta, mas ao mesmo tempo não chega nem perto de inovar, o que torna sua atuação um tanto quanto redundante.

A fotografia de Henry Braham é delicada e ao mesmo tempo realista principalmente nas dependências do Congo, que é onde o filme se firma na maior parte do tempo. A Lenda de Tarzan tem uma qualidade muito acima do que as de outros blockbusters que vêm sendo lançados um atrás do outro; além de, felizmente, ser uma grande aventura com o humor na medida certa e cenas fantásticas de ação combinando perseguições, o famoso grito do icônico personagem e uma ótima trilha sonora.

A Lenda de Tarzan não é um filme inesquecível ou que irá quebrar inúmeros recordes, mas com certeza merece ser visto no cinema tanto pela ideia bem elaborada e criativa como pelos seus aspectos técnicos muito bem trabalhados!

FICHA TÉCNICA:
Direção: David Yates
Roteiro: Adam Cozad, Craig Brewer, Stuart Beattie
Elenco: Alexander Skarsgård, Alicia Woodhouse, Antony Acheampong, Attila G. Kerekes, Bentley Kalu, Cali Nelle, Casper Crump, Charles Babalola, Christian Stevens, Christoph Waltz, David Burge, Djimon Hounsou, Ella Purnell, Guy Potter, John Hurt, Lamin Tamba, Lasco Atkins, Laurence Spellman, Liv Hansen, Mac Pietowski, Madeleine Worrall, Margot Robbie, Mark Preston, Matt Cross, Osy Ikhile, Richard Banks, Roger Evans, Rory J. Saper, Samuel L. Jackson
Produção: Alan Riche, David Barron, David Yates, Jerry Weintraub, Mike Richardson
Fotografia: Henry Braham
Montador: Mark Day
Trilha Sonora: Mario Grigorov

Barbara Demerov