Crítica: A Noite do Jogo

Crítica: A Noite do Jogo

“Hello, I want to play a game…”

A frase é de Jigsaw – personagem da franquia Jogos Mortais – de filmes com violência e muito sangue. Assim como também é A Noite do Jogo: violência… sangue… e (muito) humor.

A Noite do Jogo, nova empreitada cômica da dupla de roteiristas (agora, cada vez mais diretores) John Francis Daley e Jonathan Goldstein, conta a história de Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams), casal que organiza noites de jogos junto de outros casais. Brooks (Kyle Chandler), irmão de Max, resolve organizar um jogo de mistério e é sequestrado, fazendo todos acreditarem que o sequestro é parte da brincadeira. Três casais competem para resolver o caso e vencer o jogo, mas são surpreendidos pelo rumo inesperado da noite.

O duo Daley/Goldstein têm conquistado alguns sucessos de bilheteria nos últimos oito anos, como nos filmes Quero Matar Meu Chefe, no reboot Férias Frustradas, e até como parte da equipe de roteiristas que deu vida a Homem-Aranha: De Volta ao Lar, primeiro filme solo do ‘cabeça de teia’ no universo MCU. Pelo currículo, é fácil chegar a conclusão de que sabem e são bons em escrever humor, porém no caso de A Noite do Jogo pegaram apenas a posição de diretores (pela segunda vez), pois o roteiro ficou sob a tutela de Mark Perez. O trabalho de direção em A Noite do Jogo é competente devido a boa direção de atores e fluência no ritmo da narrativa.

Vale destacar que, sendo um filme de comédia, tudo na narrativa tinha ou buscava o viés cômico – à parte da trilha sonora contagiante de Cliff Martinez, que fez trilhas para filmes como Drive e Demônio de Neon e também é conhecido como ex-baterista dos Red Hot Chili Peppers. A fotografia é protocolar, mas as panorâmicas que vão fechando dando uma impressão de estarmos observando o que parece ser uma maquete, ou um tabuleiro de jogo, mostram inventividade.

No roteiro é onde se encontram as qualidades mais notáveis do filme. Sejam pelas boas tiradas (algumas destas bem espertas!); pela comédia de situações, típicas ao gênero (o casal que briga por ciúmes, o cara bonitão idiota, etc…); mas principalmente, pela brincadeira com os plot-twists que o filme faz com o espectador, como que o convidando a participar dessa loucura caótica num jogo de ‘verdadeiro ou falso’. Claro que nem tudo é arco-íris, pois algumas das piadas não encaixam ou provocam qualquer riso (obs.: considerando a reação de outros na sala de cinema além deste redator), mas felizmente estas são poucas.

O elenco está afiado e bem solto. Jason Bateman é garantia de gol, tendo já trabalhado em muitas comédias, e com sucesso. Rachel McAdams segue a risca o conselho que Samuel L. Jackson disse uma vez numa entrevista enquanto promovia o filme Serpentes a Bordo: em situações cômicas e absurdas é necessário que o ator mostre que está se divertindo com toda aquela loucura, e sinta-se à vontade com isso tudo.

Em A Noite do Jogo, a dupla Daley/Goldstein manipulou (o que aqui não é necessariamente um problema) e entreteve. Missão cumprida! Que comecem os jogos.

FICHA TÉCNICA
Título Original: Game Night
Direção: John Francis Daley e Jonathan Goldstein
Roteiro: Mark Perez
Elenco: Jason Bateman (Max); Rachel McAdams (Annie); Kyle Chandler (Brooks); Billy Magnussen (Ryan); Sharon Horgan (Sarah); Lamorne Morris (Kevin); Kylie Bunbury (Michelle); Jesse Plemons (Gary Kingsbury); Michael C. Hall (The Bulgarian); Danny Huston (Donald Anderton).
Produção: New Line Cinema; Davis Entertainment; Aggregate Films; Access Entertainment
Fotografia: Barry Peterson
Edição: Jamie Gross, Gregory Plotkin e David Egan
Gênero: Comédia de humor negro
País: Estados Unidos
Ano: 2018
Duração: 100 minutos

Alexis Thunderduck