Crítica: Jumanji – Bem-vindo à Selva

Crítica: Jumanji – Bem-vindo à Selva

Jumanji na Era Digital

Cinema e videogames não costumam ser uma boa combinação, principalmente quando se fala de adaptações de um meio ao outro. Ainda assim, há bons exemplares de filmes que acertaram ao evocar elementos típicos dos games, como Scott Pilgrim contra o Mundo e Detona Ralph.

Há alguns meses, foi anunciado Jumanji: Bem-vindo à Selva, sequência da aventura de 1995 que transforma o jogo de tabuleiro do título em um cartucho de videogame. Apesar do elenco estrelado, o trailer não agradava e passava uma impressão bastante genérica. Felizmente, o produto final consegue se sustentar e está entre o pequeno panteão mencionado acima, apesar de não rivalizar em qualidade.

No filme de Jake Kasdan (Professora Sem Classe), somos reintroduzidos ao conceito de Jumanji com uma história que tem início logo após o original, com o tabuleiro sendo encontrado em uma praia e depois transformado em um cartucho. 20 anos depois, são apresentados os personagens principais do longa: Spencer (Alex Wolff), o nerd; Fridge (Ser’Darius Blain), o atleta; Martha (Morgan Turner), a desajustada; e por fim, Bethany (Madison Iseman), a patricinha. Em detenção, os jovens encontram o cartucho de Jumanji e decidem jogá-lo, apenas para serem transportados a uma selva virtual.

Se já não dá pra notar, todos os personagens de Jumanji: Bem-vindo à Selva são, a princípio, clichês ambulantes. Isso é felizmente subvertido assim que entramos no jogo, quando cada um dos adolescentes se encontram em corpos e tipos completamente diferentes de suas versões reais. Spencer é o dr. Smolder Bravestone (Dwayne ‘The Rock’ Johnson); Fridge é o armeiro ‘Mouse’ Finnbar (Kevin Hart); Martha é a chuta-bundas Ruby Roundhouse (Karen Gillan); e Bethany, surpreendentemente, é o Professor Shelly Oberon (Jack Black), especialista em cartografia.

O que poderia ter sido uma única piada estendida ao longo de duas horas é, na verdade, uma maneira honesta de aprofundar os personagens e os riscos da jornada. Não é nada que exploda mentes, mas a diversão é constante e ver astros como Johnson e Black em papéis tão distintos nunca deixa de fascinar. Hart e Gillan também são carismáticos e Nick Jonas surpreende com uma boa entrega, enquanto as cenas de ação são decentes no geral (apesar dos efeitos visuais inconsistentes). É uma pena, no entanto, que o mundo de Jumanji seja tão desinteressante em comparação ao restante do longa.

As referências técnicas aos games são muito bem implementadas nos trechos iniciais da aventura, mas após a marca dos 30 minutos não há muita criatividade na linguagem e no desenvolvimento da trama. Posso estar implicando, mas um game saído da década de 90 e baseado em um cartucho não teria o escopo e dinamismo que vemos no longa. Não estou dizendo que os cenários deveriam ser claustrofóbicos ou limitados, mas o roteiro (escrito por 4 pessoas) nunca arrisca a comentar em cima desses detalhes. Por outro lado, talvez o cartucho pudesse ser apenas uma fachada para um universo inteiro e autônomo, mas a presença de cutscenes (ou melhor, cutscene) e NPCs (personagens não-jogáveis) que repetem falas também vão contra essa noção, tornando o conceito do longa um tanto contraditório.

Contudo, há muita diversão descompromissada em Jumanji: Bem-vindo à Selva. Pode não ser o filme pipoca mais criativo do ano, mas em nenhum momento o longa chega a perder seu ritmo. Lembram das duas horas de duração? Passam voando. E isso é cada vez mais raro em uma indústria cinematográfica repleta de blockbusters irregulares e inchados.


Trailer

Caio Lopes

Formado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (FCL). É redator no Cinematecando desde 2016.

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