Crítica: MIB – Homens de Preto Internacional

Crítica: MIB – Homens de Preto Internacional

Retomada capenga

Crítica MIB - Homens de Preto Internacional

Ternos impecáveis. Óculos escuros. Um aparelho capaz de apagar memórias recentes. Armas de visual excêntrico. Aliens falastrões. Todos esses elementos fazem parte da mitologia de MIB – Homens de Preto e aparecem em profusão neste quarto filme da franquia, lançado sete anos depois do anterior. Falta, porém, uma parte importante da equação: a parceria Will Smith e Tommy Lee Jones, que deixaram suas marcas na série de filmes.

A escolha da dupla substituta era fundamental, e nesse aspecto MIB – Homens de Preto Internacional acerta apenas pela metade. Comecemos pela parte positiva. Em seu primeiro papel como protagonista de uma superprodução, Tessa Thompson se sai muito bem. Sua agente M é o maior traço de humanidade na história, que começa apresentando-a como uma criança aficcionada pelos mistérios do espaço e cresce com a ideia fixa de entrar para a organização ultra secreta. Da mesma forma como acontecia com o personagem de Smith no primeiro filme (embora ele tenha sido recrutada, e ela vai atrás da entidade por conta própria), é através de seus olhos que entramos no mundo de operações intergalácticas.

Ao seu lado, Chris Hemsworth vive o agente H, tido como o melhor do meio. Depois de passar tanto tempo como o Thor na franquia Vingadores, é impossível dissociá-lo da imagem do Deus do Trovão, ainda mais agora que o personagem abraçou de vez o humor e está prestes a virar um novo membro dos Guardiões da Galáxia. O filme sabe disso e até tenta usar isso a seu favor, fazendo uma gag visual com um martelo, por exemplo, mas o resultado é que assim H nunca ganha vida própria, algo que pode ser decisivo para gerar ou não interesse do público a ponto de querer novas continuações para este reboot.

Quando estão juntos, H e M provam-se figuras não tão contrastantes assim, o que prejudica a dinâmica do roteiro. O formato de unir um brincalhão a um rabugento pode ser clichê, mas costuma funcionar. Em MIB – Homens de Preto Internacional, por sua vez, os personagens de Hemsworth e Thompson estão sempre de bom-humor, trocam apenas provocações leves e são tão “perfeitos”; (ele inclusive faz questão de mostrar que faz o tipo desconstruído) que as interações entre eles soam insossas.

A trama principal, sobre uma investigação dentro da própria agência, que ajudaria a dar um tom de suspense de espionagem ao filme, nunca é desenvolvida plenamente. O diretor F. Gary Gray (de Velozes & Furiosos 8) prefere focar nos efeitos especiais e sequências de ação, o que não chega a ser um destaque num mundo em que a cada semana algo do tipo chega aos cinemas. A saturação faz com que seja impossível diferenciar a pirotecnia visual genérica deste ou do próximo filme de herói a ser lançado.

E para os fãs brasileiros que viram as propagandas falando da participação de Sérgio Mallandro nas cópias lançadas nos cinemas daqui, vale segurar a empolgação. A participação do humorista é brevíssima, apenas recicla uma piada dos filmes anteriores e é bem menos divertida que os vídeos de divulgação gravados com ele.

Diego Olivares

Crítico de cinema, roteirista e diretor. Pós-graduado em Jornalismo Cultural. Além do Cinematecando, é colunista do Yahoo! Brasil