O Nome da Morte | Entrevista com o diretor Henrique Goldman

O Nome da Morte | Entrevista com o diretor Henrique Goldman

Nove anos depois de sua estreia nos cinemas, com Jean Charles, o diretor Henrique Goldman volta a lançar um filme que tem a tragédia em seu DNA. Ele assina O Nome da Morte, longa que escreveu ao lado do roteirista George Moura, inspirado livremente na história real de Júlio Santana, um matador de aluguel que confessou ter assassinado 492 pessoas.

Assim como os atores Marco Pigossi e Fabiula Nascimento, Goldman também falou ao Cinematecando sobre a produção. Leia a entrevista abaixo

O filme contou com várias participações de atores locais e também não profissionais. Como foi o direcionamento desse pessoal e a relação entre o que se esperava deles?

Você não pode pedir muito pra um ator inexperiente ou um não ator. Não pode exigir nem esperar que ele te entregue exatamente o que você quer. Mas por outro lado ele já vem com uma naturalidade que pode propiciar mais realismo às cenas. Ainda mais num filme que é um thriller que você sente a presença de um sabor local através dessas atuações. Por mais imperfeitas que sejam, elas trazem esse “cheiro de coentro” ou mesmo uma “farinha de mandioca” pro filme.

Na sua direção de atores você costuma dar uma liberdade criativa maior para o ator interpretar ou é mais incisivo e direto?

Depende. Quando você trabalha com grandes atores, pra mim o mais interessante é a interação. Se trata de como a gente vai encontrar o personagem e depois descobrir que o ator traz pra cena personalidades que você como criador desse personagem jamais imaginaria. Essa surpresa é uma das coisas que mais me agrada num filme. É enxergar algo que você achava que entendia ser interpretada de uma maneira nova que te leva pra outra dimensão. É aí que eu sinto que o trabalho tá crescendo. Claro que em outros momentos é importante o ensaio e a precisão, principalmente em cenas mais cômicas, onde o timing tem que ser exato. Então eu acho que na verdade a gente vai dançando conforme a música.

Quanto a produção do longa, vocês filmaram em ordem cronológica? Por ser uma região afastada, houve algum grande imprevisto?

Eu gosto de filmar em ordem cronológica sempre que possível, mas nesse caso infelizmente não foi, por questões de maquiagem e logística. Inclusive o começo do filme foi a última cena a ser filmada. Nós tivemos 5 semanas de filmagem, e notamos que é muito difícil a logística no Jalapão, porque é tudo muito inacessível, é muito grande, estradas não asfaltadas, um calor absurdo e muito mais. Ainda assim não tivemos grandes imprevistos, acredito que tudo aconteceu dentro do possível, sem comprometer o resultado do filme.

De uma forma geral, como foi a colaboração entre a sua direção e a fotografia de Azul Serra?

Foi um privilégio trabalhar com um virtuoso da fotografia como o Azul Serra. Utilizamos tudo que foi necessário pra que a fotografia ajudasse a contar a história. Houve cenas que optamos por transpassar uma sensação de ambiente brasileiro, deixando as cenas mais bonitas mas sem perder a beleza do que é natural. O uso de filtros e da colorização foi muito importante nessa parte. Em algumas cenas a câmera teve mais liberdade, só seguindo os atores, e em outras houve desafios diferentes que são exigidos na decupagem.

Na sua opinião, qual foi a cena mais difícil de se filmar no ponto de vista técnico?

Tivemos outras cenas difíceis, mas uma das cenas mais complexas no ponto de vista técnico, de maquinária, foi a primeira cena do filme, que a gente acompanha o personagem Júlio [Marco Pigossi] fugindo de uma população armada e raivosa, pois foi um longo plano que o acompanha andando em telhados, se esquivando de tiros e tentando sobreviver.

João Pedro Accinelli

Amante do cinema desde a infância, encontrou sua paixão pelo horror durante a adolescência e até hoje se considera um aventureiro dos subgêneros. Formado em Cinema e Audiovisual, é idealizador do CurtaBR e co-fundador da 2Copos Produções. Redator do Cinematecando desde 2016, e do RdM desde 2019.

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